Tumulto em reuniões públicas não atrasa venda de distribuidoras da Eletrobras, diz BNDES
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - Tumultos registrados durante reuniões públicas realizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em seis Estados para discutir a privatização de distribuidoras de eletricidade da Eletrobras não chegaram a atrapalhar o andamento do processo de desestatização, disse o banco em nota à Reuters nesta quinta-feira.
Houve audiências em Acre, Alagoas, Amazonas, Rondônia, Roraima e Piauí, com "diferentes manifestações de sindicalistas em todas as assembleias", segundo o BNDES, mas apenas o encontro em Alagoas não foi concluído "por questões de segurança".
"A audiência em Alagoas... será remarcada, com novo local e data a serem anunciados em breve... o cronograma de desestatização das distribuidoras segue seu curso normal. O edital das seis distribuidoras deverá ser publicado em até 15 dias úteis e o leilão está previsto para o final de abril", completou o BNDES.
O banco, que assessora o processo de desestatização das distribuidoras da Eletrobras, responsáveis pelo fornecimento de eletricidade nos seis Estados do Norte e Nordeste, disse que em Rio Branco (AC), Maceió (AL) e Teresina (PI) "houve tentativas agressivas de invasão da mesa da audiência".
"Em Teresina, a agressão chegou ao ponto de os sindicalistas arrancarem pedaços de cadeiras do auditório e arremessarem com força contra os integrantes da mesa, atingindo o presidente da Cepisa (distribuidora da Eletrobras no Piauí), Arquelau Siqueira Amorim Júnior, que sofreu um ferimento na cabeça", apontou o BNDES.
Representantes do sindicato que representa os funcionários da Eletrobras no Piauí afirmaram em nota que a organização da audiência pública colocou a polícia contra trabalhadores e barrou a entrada de um advogado da entidade e de parte da população.
Em comunicado na página da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), o sindicato defendeu que esses problemas tornam a reunião "completamente ilegal, reafirmando que a audiência não foi válida como um processo legítimo".
Procurada, a Eletrobras disse que o BNDES tem conduzido as audiências públicas sobre a desestatização.
A Eletrobras aprovou as condições de privatização das distribuidoras em uma assembleia de acionistas realizada em Brasília em fevereiro que contou também com tensão e tumultos.
O modelo proposto para a venda prevê um valor simbólico de 50 mil reais por cada empresa, associado a obrigações de investimentos e aportes de recursos nas distribuidoras. Também ficou acordado que a Eletrobras assumirá 11,2 bilhões em dívidas e mais eventuais passivos das elétricas junto a fundos do setor elétrico para viabilizar a desestatização.
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