Protesto de caminhoneiros atinge 18 Estados; setor de grãos vê impacto limitado
SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Caminhoneiros realizam nesta segunda-feira protestos em 18 Estados contra os altos custos com o diesel, interditando algumas rodovias, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que mais cedo citava atos em 15 unidades federativas.
Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia estavam entre os Estados com maior número de manifestações, segundo dados atualizados até as 15h pela PRF, que não detalha se as interdições são totais ou parciais.
Há protestos também em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rondônia, Pará, Tocantins, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Mais cedo, houve uma manifestação na chegada ao Porto de Santos (SP), que já perdeu força. Também ocorreu um protesto na BR-163, na altura de Cuiabá (MT).
Tanto o terminal quanto à rodovia são importantes vetores para o escoamento da safra de grãos, em especial da colheita de Mato Grosso, principal produtor nacional.
Por ora, contudo, entidades do setor avaliam que praticamente não há impacto sobre a programação de embarques pelo Brasil, que acaba de colher uma safra recorde de soja e se prepara para a colheita do chamado milho "safrinha".
"Normalmente, essas paralisações são por tempo determinado. Elas teriam de se prolongar por alguns dias para ter impacto nos embarques de grãos... Pode acabar atrasando os recebimentos, mas já não estamos no pico de safra (de soja)..., o que dá um pouco de folga", disse o assistente-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Lucas Trindade.
O gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral, também avalia que o "movimento pacífico" não atrapalha as atividades de escoamento do setor, que depende fortemente de estradas para transportar a produção até os portos.
"Há um ponto ou outro com tentativa de bloqueio, mas muito localizado. O que estamos vendo é paralisação no sentido de os caminhoneiros não quererem pegar fretes. São poucos bloqueios de via", disse.
O Brasil é o maior exportador mundial de soja e um dos principais de milho.
DIESEL EM ALTA
Procurada, a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), que organiza a greve, afirmou que a maior parte das interdições é parcial, ou seja, não fecha completamente as vias.
O movimento cobra do governo reduzir a zero a carga tributária sobre o diesel, principal combustível consumido no país.
Uma reunião com ministros no final do dia, no Palácio do Planalto, deve discutir o assunto. No meio da tarde, caminhoneiros realizavam um buzinaço em Brasília para chamar a atenção para o tema.
Desde que a Petrobras implantou em julho passado um sistema de reajustes mais frequentes de preços dos combustíveis, para refletir cotações internacionais do petróleo e do câmbio, tanto o diesel quanto a gasolina tiveram aumentos de quase 50 por cento nas refinarias da empresa.
Apesar dos protestos, a Petrobras anunciou nesta segunda-feira um novo aumento no preço do diesel e da gasolina nas refinarias.[nL2N1SS0O8]
"A Abcam entende o novo aumento do combustível como um desaforo a todos os trabalhadores brasileiros. Mas ela entende que essa atitude só fortalece as paralisações da categoria e incentiva que outros grupos de trabalhadores também passem a aderir o manifesto", disse o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes.
Já o setor de combustíveis afirma que boa parte do preço na bomba decorre da elevada carga tributária, enquanto a Petrobras afirma que não tem o poder de formar os preços.
A greve dos caminhoneiros acontece enquanto a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa os donos de postos, apela por mudanças tributárias, afirmando que a política de preços da Petrobras está causando prejuízos ao setor.
A última vez que os caminhoneiros promoveram protestos em âmbito nacional foi no início de 2015, quando exigiram redução de custos com combustível, pedágios e tabelamento de fretes.
Para o BTG Pactual, mudar a política de preços da Petrobras "não é a melhor opção".
"A outra opção é reduzir impostos. O problema é o impacto negativo sobre as contas fiscais do Brasil", diz o banco, lembrando que há, por exemplo, algum espaço para reduzir a Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico), mas com pouco impacto real sobre os preços.
(Por José Roberto Gomes, Leonardo Goy, Alberto Alerigi e Lisandra Paraguassu)
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