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EUA impõem tarifas sobre aço e alumínio de Canadá, México e União Europeia

31/05/2018 14h52

WASHINGTON/PARIS (Reuters) - Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira que vão avançar com tarifas de importação sobre alumínio e aço de Canadá, do México e da União Europeia, encerrando meses de incerteza sobre possíveis isenções e reacendendo temores sobre uma guerra comercial global.

A medida, anunciada pelo secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, em briefing por telefone nesta quinta-feira, enfureceu os principais aliados dos EUA e indica um endurecimento da abordagem da administração do governo do presidente, Donald Trump, a negociações comerciais.

A decisão também afetou mercados financeiros, com o Dow Jones <.DJI> operando em queda de cerca de 0,5 por cento. As ações dos pesos-pesado da indústria Boeing e Caterpillar eram negociadas em baixa de cerca de 1 por cento, enquanto ações de companhias de aço e alumínio dos EUA subiam.

Tarifas de importação de 25 por cento sobre o aço e de 10 por cento sobre o alumínio da UE, do Canadá e do México entrarão em vigor à meia-noite (horário local), disse Ross a repórteres.

"Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro lado, porque há outras questões que também precisamos resolver", disse.

Trump anunciou as tarifas em março como parte de um esforço para proteger a indústria e trabalhadores dos EUA do que ele descreveu como competição internacional injusta. Isenções temporárias foram concedidas a uma série de países e isenções permanentes para diversos países incluindo Austrália, Argentina e Coreia do Sul.

Parceiros comerciais dos EUA tinham requerido que as isenções fossem estendidas ou tornadas permanentes.

O Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, negocia com Washington uma eventual isenção das tarifas sobre aço e alumínio, impostas em março pelo governo Trump. Uma fonte do governo brasileiro, com conhecimento das conversas, disse na semana passada que o Brasil negociava uma cota de exportação de produtos siderúrgicos para os EUA.

Países afetados pelo anúncio reagiram. "Hoje, a França e a UE desaprovam, é claro, essas medidas", disse o vice-ministro do Comércio francês, Jean-Baptiste Lemoyne a repórteres em Paris. "Estamos prontos para colocar em vigor salvaguardas, medidas de reequilíbrio porque não deixaremos medidas injustificáveis e injustificadas ficarem sem resposta."

A Alemanha entende como "ilegal" a decisão dos EUA de seguir adiante com as tarifas sobre importações de aço e alumínio de Canadá, México e UE, disse o ministro do Exterior do país, Heiko Maas.

"Nossa resposta para a 'América Primeiro' (frase de Trump) só pode ser 'Europa Unida'", disse Maas em nota.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que as medidas dos EUA são "totalmente inaceitáveis".

O governo Trump também ameaçou impor tarifas sobre importações de carros, está engajado em negociações com a China para reduzir o déficit comercial dos EUA e disse que irá punir Pequim por roubar sua tecnologia ao impor tarifas sobre 50 bilhões de dólares em exportações da China.

Além disso, os EUA estão envolvidos em negociações com Canadá e México para atualizar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês).

(Reportagem de Eric Walsh e David Shepardson em Washington, Ingrid Melander em Paris, Madeline Chambers em Berlim, Philip Blenkinsop em Bruxelas e Allison Martel em Toronto)