Alckmin reclama das "caneladas" do presidencialismo mas aposta no voto para promover reformas
BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira que, apesar das “caneladas” e do embate entre personalidades comum ao presidencialismo, aposta que a legitimidade da vitória nas urnas e o conjunto de alianças permitirão a aprovação de reformas necessárias ao país.
Alckmin, que tem sido alvo de críticas de adversários por ter conseguido se coligar com o chamado blocão --PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade--, grupo político que apoia o atual governo Temer, alertou que o candidato que prometer mudanças sem articulação com outros partidos não conseguirá realizar suas promessas.
“Quem prometer mudança sem ter o mínimo de aliança não vai fazer nada. E tem que fazer rápido”, disse, em evento com presidenciáveis na União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs).
“Qual o outro caminho para ser rápido? É a força do voto, a força do povo”, argumentou, dizendo que a campanha para presidente da República é “ de baixo nível”.
“Parlamentarismo é uma discussão de ideias, propostas... o presidencialismo é embate de pessoas, de personalidades, canelada. Qual o lado bom do presidencialismo? É a força do voto”, disse.
“Tem que aproveitar essa legitimidade, esse cacife político.”
O candidato tucano voltou a defender a necessidade de reformas estruturantes, como a da Previdência, além de uma simplificação e de uma desburocratização do país como parte de uma agenda de competitividade.
Voltou a dizer que o país precisa atrair investimento e reafirmou que o Estado não deve cumprir o papel de “empresário”, mas de planejador, regulador e fiscalizador. O candidato vem defendendo uma reforma na gestão pública que envolve um enxugamento da máquina e a redução de ministérios.
Sobre a proposta de reajuste de 16,38 por cento dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) encaminhada ao Ministério do Planejamento como parte do Orçamento 2019 da corte, o candidato afirmou que o momento não é o mais adequado.
“O problema não são os 11 ministros do Supremo, que aliás estão sem reajuste há alguns anos. O problema é o efeito cascata”, explicou, em referência aos demais vencimentos do serviço público que tomam os rendimentos dos ministros como referência.
“Claro que o momento não é adequado e quem está no topo da pirâmide deve dar exemplo. Vamos aguardar”, afirmou.
Alckmin confirmou que prestará depoimento na quarta-feira em apuração do Ministério Público sobre suspeita de caixa 2 pago pela Odebrecht em suas campanhas de 2010 e 2014.
“Vou, claro. É dever de quem está na vida pública: prestar contas. Vida pública pública é. E transparência total”, disse o candidato, que nega qualquer irregularidade.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito)
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