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Gavilon prevê dobrar negociação de grãos do Brasil em 3 anos

21/08/2018 17h47

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - A Gavilon do Brasil prevê rapidamente dobrar o volume anual de grãos negociados a partir do país, para cerca de 10 milhões de toneladas, mantendo uma estrutura "asset light", o que significa operar sem terminais portuários ou plantas de processamento no país.

Dentro dessa meta, a companhia, que pertence ao grupo da japonesa Marubeni, pretende se tornar o maior exportador de soja "independente" do Brasil para a China em três anos, disse o gerente-geral da empresa no país, Fabrício Mazaia, em entrevista à Reuters.

Para o ano fiscal de 2018, a Gavilon do Brasil espera comercializar 7 milhões de toneladas de grãos, contra 5,4 milhões de toneladas no exercício de 2017.

Numa estimativa "conservadora", os volumes de produtos negociados pela Gavilon poderiam subir para 10 milhões de toneladas, em três anos, disse Mazaia.

"Dentro do nosso modelo 'asset light', acredito que este é o limite para o qual podemos crescer", disse ele em entrevista.

A estratégia da Gavilon no Brasil difere do modelo utilizado pelos grandes comerciantes de commodities, como Archer Daniels Midlands (ADM) e Bunge, que possuem unidades de processamento de grãos e ativos de logística.

No Brasil há quatro anos, a Gavilon agora ocupa o oitavo lugar entre os maiores exportadores de soja, de acordo com dados da agência marítima Cargonave para o ano até julho. A receita líquida subiu 60 por cento, para cerca de 4,9 bilhões de reais no ano fiscal de 2017.

Neste ano, a trading pode se tornar a principal exportadora de trigo do Brasil, respondendo por até 40 por cento do total dos embarques do país, previstos em 1 milhão de toneladas, disse o executivo.

Apesar do sucesso inicial, a Gavilon enfrenta ventos desfavoráveis, já que as margens tendem a permanecer apertadas devido à competição acirrada no fornecimento de grãos no Brasil, onde as futuras vendas de grãos ficaram travadas devido à incerteza sobre os custos com fretes.

As novas regras de fretes, definidas pelo governo como uma das medidas para acabar com uma greve dos caminhoneiros em maio, prejudicaram as vendas futuras de grãos e fizeram com que a Gavilon aumentasse as provisões relacionadas ao transporte contra custos mais altos de frete, disse Mazaia.

Como resultado dessas incertezas, mais grãos serão comercializados no mercado spot, o que pode ser prejudicial para as margens e o planejamento de longo prazo para todos os operadores de grãos, afirmou ele.

"O diferencial de compra e venda aumentou de centavos para até 5 reais por saca", disse Mazaia, referindo-se ao estado de negociações da soja depois que as regras de frete mudaram.

Embora a compra de ativos de infraestrutura não seja uma prioridade sob o modelo da Gavilon, os terminais portuários e os centros de transbordo poderiam ser adicionados no futuro, disse o executivo.

Mazaia disse que a empresa faz negócios com operações que já possuem infraestrutura.