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FMI estuda pedido da Argentina para antecipar ajuda em meio à queda do peso

29/08/2018 20h05

BUENOS AIRES (Reuters) - O peso argentino desmoronou 7,62 por cento nesta quarta-feira, para um novo recorde de baixa, dada a forte dolarização de carteiras diante da falta de credibilidade da recessiva economia doméstica e temores dos investidores de insolvência soberana, disseram operadores.

A moeda caiu para o piso mínimo de 33,90 por dólar, com uma notável ausência de oferta por parte dos exportadores e enorme demanda por parte de poupadores, atacadistas e varejistas.

A Argentina acertou com o Fundo Monetário Internacional (FMI) antecipar recursos para garantir o financiamento necessário para o próximo ano e superar a situação turbulenta pela qual os mercados estão passando, disse o presidente Mauricio Macri nesta quarta-feira.

O FMI informou que vai trabalhar com a Argentina para fortalecer seu programa de financiamento depois de uma piora inesperada das condições de mercado e vai tentar concluir rapidamente as conversas com autoridades do país, disse a chefe do FMI, Christine Lagarde, nesta quarta-feira.

Operadores concordaram que este anúncio não se traduziu em calmaria como previsto pelo governo, e o volume negociado no mercado cambial foi relevante, o que se somou ao elevado desempenho na última sexta-feira em negócios futuros.

A desvalorização desta quarta-feira foi a segunda maior da era Macri, que uma semana depois de assumir o cargo em dezembro de 2015 liberou o mercado de câmbio e o peso caiu quase 30 por cento em um único dia.

FMI

Esse tombo do peso para uma mínima recorde fez o Banco Central da Argentina vender reservas pelo segundo dia seguido enquanto Macri pedia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para antecipar a liberação de recursos acertados com o país.

A moeda caía mais de 43,5 por cento no acumulado do ano, apesar de massivas intervenções do banco central, incluindo a venda de 500 milhões de dólares em reservas entre a sessão da véspera e a desta quarta-feira.

Os nervos estão desgastados na terceira maior economia da América Latina, à medida que o país se esforça para se libertar de seu notório ciclo de crises financeiras de uma década. O mais recente, pontuado por um calote da dívida de 2002, jogou milhões de argentinos da classe média na pobreza.

Investidores estão mais uma vez preocupados que a Argentina, que tem elevada inflação, economia fraca e sofre as consequências de um uma venda global nos mercados emergentes, possa não cumprir com suas obrigações de dívida.

"Nós acertamos com o FMI o adiantamento de todos os fundos necessários para garantir o cumprimento do programa financeiro no próximo ano", disse o presidente Mauricio Macri em um discurso televisionado na quarta-feira. Essa decisão visa eliminar qualquer incerteza."

O banco central argentino vendeu 200 milhões de dólares em reservas em dois leilões na terça para estabilizar o peso, que enfraqueceu para um recorde de 31,50 por dólar. Outros 300 milhões de dólares foram leiloados nesta quarta.