Seca reduz safra da maior unidade processadora de cana do mundo
Por Marcelo Teixeira
PRADÓPOLIS (Reuters) - A maior unidade processadora de cana do mundo, do grupo São Martinho, que pode moer 10 milhões de toneladas por ano, registrou uma queda no uso de capacidade nesta temporada diante da seca excessiva que afetou a produção da matéria-prima do açúcar e etanol no Estado de São Paulo, disse um executivo nesta quinta-feira.
É o segundo ano consecutivo que a usina localizada no município de Pradópolis, região de Ribeirão Preto, no principal polo produtor de açúcar do Brasil, sofre uma queda na moagem de cana, principalmente pela umidade mais baixa no solo causada pela redução de chuvas.
"Tem sido assim nos últimos quatro anos, mais ou menos", disse Mário Ortiz Gandini, diretor de Agricultura e Tecnologia da São Martinho SA, um dos maiores grupos de açúcar e etanol do Brasil e proprietário da grande usina.
A região centro-sul do Brasil, o maior produtor de cana do mundo, provavelmente terá uma safra menor este ano pelo quarto ano consecutivo.
Além do clima, os analistas culpam fatores que incluem empresas financeiramente problemáticas no setor, o que leva à redução do investimento.
Mas a São Martinho SA, listada em São Paulo, é uma das raras empresas do setor de açúcar que permanece no azul, tendo reportado lucros em quase todos os trimestres nos últimos quatro anos, mantendo os níveis normais de renovação de canaviais e de tratos culturais.
Gandini espera que o tempo mais seco não seja uma tendência permanente, disse ele à Reuters nos bastidores de um evento organizado pela fabricante de máquinas CASE IH [CNHCN.UL] para apresentar uma nova colheitadeira de cana.
"Eu prefiro acreditar que isso é temporário. Eu não acho que seja um novo padrão", disse ele.
O diretor da São Martinho disse que as oscilações de temperatura na região equatorial do Oceano Pacífico, que geram os fenômenos climáticos El Niño e La Niña, estão afetando os níveis de chuva e provavelmente são responsáveis pela estiagem.
A empresa usa dados que medem as temperaturas do Oceano Pacífico para planejar operações futuras, disse ele.
A produção média de cana nos 135 mil hectares ao redor da Usina São Martinho, em Pradópolis, deve atingir 85 toneladas por hectare na atual temporada, disse Gandini.
Isso está abaixo de 90 toneladas por hectare na safra anterior e uma média histórica de 95 toneladas por hectare. O executivo disse que a situação atual nos campos do centro-sul "não é muito boa", e a produção do próximo ano dependerá das chuvas de outubro a fevereiro.
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