Tensão comercial entre EUA e China pode escalar para outras áreas, diz diretor-geral da OMC
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou que está muito preocupado com o aumento da tensão comercial entre Estados Unidos e China após nova rodada de tarifas entre si nesta semana, dizendo temer que o conflito entre as duas maiores economias do mundo escale para outras áreas.
"Não fiquei surpreso e sabia que...esse era o destino...estou muito preocupado", disse ele a jornalistas ao frisar que a relação entre China e EUA pode piorar ainda mais.
"Sinceramente, não acho que acabou não. Tem muita munição e pode escalar para outras áreas que não a tarifária. Pode não ficar apenas na área comercial", acrescentou.
A China e os Estados Unidos mergulharam mais fundo na guerra comercial nesta semana, depois que Pequim acrescentou 60 bilhões de dólares em produtos norte-americanos à sua lista de tarifas de importação em retaliação aos planos do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses. [nL2N1W416C]
Não há outro caminho para a solução do conflito que não seja o órgão multilateral, defendeu Azevêdo, lembrando que vem discutindo uma reforma para fortalecer a OMC e atender demandas dos países membros.
"As partes (China e EUA) estão constantemente se falando sem haver progresso", disse ele a jornalistas em evento na Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
"Essa conversa de fazer uma reforma é para tentar encontrar um campo de jogo que cubra as preocupações de todos os lados, em particular esse dois (China e EUA). O diálogo bilateral acontece, mas ele sozinho não vai resolver."
O diretor-geral da OMC admitiu a possibilidade de existir um órgão de solução de controvérsias sem a presença da maior economia mundial. O presidente dos EUA, Donald Trump, defende a retirada dos EUA do organismo.
A OMC tem se dedicado a "forçar" Estados Unidos e China a resolverem suas diferenças comerciais por meio do diálogo e explicou que o órgão já alertou sobre o efeito dominó que as dificuldades comerciais entre os dois países pode gerar.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
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