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Bradesco usará RCB para comprar carteiras ativas de crédito de rivais

Aluisio Alves

02/10/2018 14h15

SÃO PAULO (Reuters) - Com a compra do controle da empresa de recuperação de crédito RCB, o Bradesco vai entrar no mercado de compra de carteiras ativas de empréstimos, disse nesta terça-feira o vice-presidente banco Eurico Ramos Fabri.

"Poderemos atuar na compra de carteiras de crédito ativas de outras instituições", disse Fabri em teleconferência com jornalistas.

O Bradesco anunciou pela manhã que fechou acordo para comprar 65% da RCB Investimentos, a fim de ampliar e melhorar a sua atuação no mercado de recuperação de créditos. O valor da operação não foi revelado, mas Fabri disse que o banco pagará a operação em dinheiro e à vista.

Segundo uma fonte a par do assunto, que pediu anonimato, o Bradesco vai pagar R$ 224 milhões pelo negócio.

Os fundadores da RCB seguirão à frente da gestão da empresa. O acordo com a RCB e sua controladora PRA Group envolve ainda a constituir dois Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) para a compra de carteiras de crédito vencidas, nos quais o Bradesco terá 40% de participação.

De acordo com Fabri, o Bradesco manterá a operação interna de recuperação de crédito, de certa forma competindo com a RCB pela compra de carteiras vencidas do próprio banco.

"Mas a RCB nos permitirá ter uma atuação ativa no mercado para compra de carteiras de terceiros, tanto ativas quanto as baixadas a prejuízo", disse ele.

Uma das maiores empresas do setor no país, a RCB tem uma base de cerca de 10 milhões de CPFs, a Itapeva se especializou na compra de carteiras de crédito vencido, especialmente as de grandes bancos para pessoas físicas.

Maior concorrência

A operação mostra o crescente interesse dos grandes bancos do país pelo setor, uma vez que a maior recessão da história brasileira deixou dezenas de bilhões de reais em calotes, tanto do varejo quanto de empresas.

Em agosto do ano passado, o Santander Brasil havia comprado 70 por cento da Ipanema por valor não revelado. No fim de 2015, o Itaú Unibanco comprou 82% da Recovery, líder do setor, que então pertencia ao BTG Pactual. O Banco do Brasil tem seu próprio braço de recuperação de crédito, a Ativos.

Uma das maiores empresas do setor no país, com uma base de cerca de 10 milhões de CPFs, a RCB se especializou na compra de carteiras de crédito vencido, especialmente as de grandes bancos para pessoas físicas.

Em entrevista à Reuters no mês passado, o sócio da empresa Alexandre Nobre disse que a RCB estudava montar relatórios sobre clientes adimplentes, cerca de um milhão de pessoas, público para o qual poderia ela mesma futuramente ofertar crédito.

"Esse público mostrou uma capacidade extraordinária de honrar dívidas, porque fez isso num período de estresse, com alto índice de desemprego", disse Nobre.

Na conversa com jornalistas nesta terça, Fabri, do Bradesco, confirmou que o banco poderá usar parte das informações da RCB para ajudar nos modelos para concessão futura de crédito.