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Brasil não vai aceitar regime autoritário e não democrático, diz Barroso

23/10/2018 11h59

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou nesta terça-feira que o futuro presidente da República tem a obrigação de respeitar as regras do jogo, e que o Brasil não vai aceitar um regime autoritário e não democrático.

Sem citar os nomes dos candidatos que estão no segundo turno da eleição presidencial --Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)--, Barroso declarou em palestra que a sociedade brasileira é plural e que aceita as diferenças, apesar da profunda divisão vista entre os eleitores na atual disputa presidencial.

?Isso não significa renunciar à própria convicção, mas entender e respeitar a posição do outro, que é algo que precisamos no Brasil nessa hora de renovar os votos democráticos?, disse Barroso em palestra durante evento da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) em hotel no Rio de Janeiro.

?Quem ganha tem o direito de governar, mas tem o dever de respeitar as regras do jogo e os direitos de todos?, acrescentou.

Barroso afirmou que há espaço no país para todos os tipos de pensamentos, tanto liberais como conservadores, ?mas não tem lugar para projetos desonestos e autoritários?.

?Essa é a única vigilância que temos que manter permanente: respeito às regras do jogo, aos direitos de todos e não aceitação de nenhum projeto que não tenha integridade e que não seja democrático e seja autoritário?, disse.

?Parte das pessoas vai ficar feliz com o resultado (da eleição) e parte não vai ficar. Democracia é o regime de governo em que a maioria governa e quem perde não perde seus direitos?, acrescentou.

Barroso disse ainda que, apesar dos casos de corrupção e dos problemas sociais, econômicos e políticos no país, considera as perspectivas para o Brasil positivas diante dos avanços da sociedade.

?Minha visão é positiva e construtiva, independentemente da eleição. Não estamos decadentes, mas queremos mais liberdade, sistemas mais justos?, afirmou.

Antes da palestra, Barroso disse à Reuters que as declarações do deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato Jair Bolsonaro, sobre o STF eram um assunto concluído, uma vez que o decano e o presidente da Corte já tinham se pronunciado.

?O decano falou, o presidente falou, e acho que isso já é suficiente?, disse.

Na segunda-feira, o presidente do STF, Dias Toffoli, disse em nota que "atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia", após a divulgação de um vídeo em que Eduardo Bolsonaro afirma que para fechar o STF basta mandar um soldado e um cabo.

(Por Rodrigo Viga Gaier)