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Resultados de multinacionais dos EUA destacam risco com crescimento lento na China

23/10/2018 15h44

Por Noel Randewich

SAN FRANCISCO (Reuters) - As empresas dos Estados Unidos têm se beneficiado de uma economia doméstica robusta e de cortes profundos de impostos corporativos, mas a desaceleração econômica da China pode atingir as multinacionais que dependem muito do crescimento do país asiático.

Esse novo risco começou a arrepiar Wall Street à medida que os efeitos de uma desaceleração acentuada na segunda maior economia do mundo se espalham além de suas fronteiras e reduzem os lucros de empresas norte-americanas.

A lista de possíveis vítimas está crescendo e não está limitada às empresas dos EUA. A General Motors sofreu com o encolhimento das vendas de automóveis na China e a Volvo alertou na sexta-feira que espera que a demanda por caminhões na China caia cerca de 13 por cento, enquanto a indústria da construção civil esfria.

"A pergunta que os investidores farão não é necessariamente o impacto para o trimestre atual, mas, 'se a China continuar desacelerando, qual será o impacto para o resto de 2018 e 2019?'", Disse Patrick Palfrey, analista do Credit Suisse.

McDonald's, 3M, Boeing e Eastman Chemical dependem da China para mais de 10 por cento de suas receitas, de acordo com estimativas do Refinitiv, e vão divulgar resultados trimestrais esta semana.

A Caterpillar, que divulgou resultados nesta terça-feira, viu suas vendas de máquinas de construção na Ásia-Pacífico aumentar 43 por cento no primeiro semestre do ano, ajudadas pela demanda de construção e infraestrutura na China.

No segundo trimestre, as vendas orgânicas da 3M em moeda local na China e Hong Kong cresceram 12 por cento, mais do que em qualquer outra região.

Várias empresas de chips do S&P500 também divulgam seus resultados durante a próxima semana, incluindo a Texas Instruments e Intel, que dependem da China para mais de um quinto de suas vendas.

A China está tentando superar múltiplos desafios depois que uma guerra comercial com os Estados Unidos desencadeou uma forte liquidação nos mercados acionários domésticos e um forte declínio do iuan ante o dólar.

As preocupações aumentaram na semana passada depois que a China registrou no terceiro trimestre o menor crescimento econômico desde o auge da crise financeira global.

Citando vendas fracas no terceiro trimestre na China, o Morgan Stanley cortou na semana passada os preços-alvo para a Ford e a General Motors, levando as ações da Ford ao menor patamar desde 2009. A Ford deve reportar queda no lucro trimestral na quarta-feira.

A China foi responsável por pouco mais da metade das vendas de veículos da GM durante o primeiro semestre de 2018, e em julho a montadora destacou o lucro trimestral recorde de suas operações chinesas.

Os analistas esperam, em média, um salto de 22 por cento no lucro por ação das empresas do S&P 500 no trimestre encerrado em setembro, de acordo com dados I/B/E/S da Refinitiv. Mas o crescimento mais lento do lucro médio é esperado para 2019, quando os cortes de impostos corporativos completaram um ano.

O Goldman Sachs disse em um relatório na sexta-feira que espera que o lucro por ação do S&P 500 cresça 7 por cento no próximo ano sob um cenário "básico". Mas os lucros permanecerão inalterados se os EUA aplicarem tarifas de 25 por cento a todas as importações chinesas, disse o banco.

(Por Noel Randewich)