ENTREVISTA-Statkraft quer ampliar negócios em energia no Brasil com aquisições e leilões
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A estatal norueguesa Statkraft pretende ampliar seus negócios em energia no Brasil nos próximos anos, em um caminho que deve passar por aquisições e pela participação em leilões do governo para novos projetos, disse à Reuters um executivo da companhia no país.
O apetite por expansão segue firme mesmo após o anúncio pela subsidiária local Statkraft Energias Renováveis nesta semana da compra de oito pequenas centrais hidrelétricas junto à EDP Energias do Brasil, em um negócio de 704 milhões de reais.
"A gente vê o Brasil como um dos mercados prioritários de crescimento para a companhia, e esse crescimento vai ser uma combinação entre M&A (fusões e aquisições) e também desenvolvimento próprio de projetos ('greenfield') em tecnologias renováveis", afirmou o CEO da Statkraft Energias Renováveis, Fernando de Lapuerta.
"Nosso foco tem sido as hidrelétricas, mas agora também temos um foco importante em energia solar e eólica", acrescentou o executivo.
A Statkraft está no Brasil desde 2008, por meio da subsidiária SN Power, mas ampliou a presença no país em 2012, quando comprou uma fatia na então Desenvix. Em 2015, ela assumiu o controle da empresa, que mudou de nome em meio ao envolvimento da antiga controladora Engevix em denúncias de corrupção da Operação Lava Jato.
O portfólio da Statkraft no país é formado por hidrelétricas e parques eólicos com uma capacidade total de cerca de 300 megawatts, ainda sem incluir os ativos negociados junto à EDP Brasil, que têm 131,9 megawatts em capacidade.
Lapuerta disse que, após anos menos intensos, a empresa deve voltar a se movimentar no país, em meio a um plano global da elétrica norueguesa para seus investimentos em energia limpa.
A Statkraft divulgou recentemente que pretende investir 10 bilhões de coroas norueguesas por ano em energia renovável entre 2019 e 2025, ou cerca de 4,4 bilhões de reais anuais.
As operações internacionais da companhia se espalham atualmente por Brasil, Peru, Chile, Índia, Nepal, Turquia e Albânia.
"Nos últimos anos tivemos um período sem tanto crescimento, e isso se refletiu no Brasil. Aproveitamos esse período para nos organizarmos... agora a companhia mudou a estratégia e a visão é de crescimento internacional", apontou Lapuerta.
Ele afirmou que as operações de comercialização de energia da Statkraft no Brasil também deverão ter continuidade, com apostas em apresentar "soluções criativas" e "serviços" aos clientes.
O executivo adicionou ainda que a empresa tem uma visão "de longo prazo" para os negócios no Brasil, o que reduz impactos de incertezas momentâneas sobre suas operações, como o recente nervosismo em torno das eleições presidenciais no país.
(Por Luciano Costa)
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