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Grupos de defesa do meio ambiente no Brasil preparam plano de contingência para governo Bolsonaro

11/12/2018 20h12

Por Sebastien Malo

KATOVICE, Polônia (Thomson Reuters Foundation) - Com suas paredes de madeira e pôsteres sobre proteção da fauna e da flora, o pavilhão do Brasil nas negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) na Polônia não oferece pistas sobre a revolta no país e no exterior em razão das mensagens divergentes sobre aquecimento global de seu presidente eleito.

Mas promessas de campanha feitas por Jair Bolsonaro que podem enfraquecer a proteção da Floresta Amazônica são um assunto quente entre visitantes, disse Caio Henrique Scarmocin, um dos três apresentadores do estande.

Durante a conferência, cujo resultado será crucial para implementar o Acordo de Paris sobre o clima, de 2015, cientistas e ativistas ambientais disseram que estão se preparando para a possibilidade de os pedidos feitos a Bolsonaro para que proteja a Amazônia fracassem.

Declarações de campanha de Bolsonaro, que toma posse em janeiro, sugerem que terras indígenas sejam abertas para exploração econômica, incluindo agronegócio e mineração, e flexibilização de multas ambientais.

A capacidade do Ibama de multar quem viola leis ambientais é uma das melhores defesas do governo contra destruição de florestas, alimentando temores de um aumento no desmatamento sob o novo governo.

Bolsonaro também teve participação na decisão do governo de Michel Temer de retirar sua oferta para sediar a próxima conferência do clima da ONU, no ano que vem.

"Ele tem uma abordagem hostil a questões ambientais", disse Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, instituto brasileiro que monitora o desmatamento na Amazônia.

O Brasil abriga cerca de 60 por cento da Floresta Amazônica, considerada por muitos como a melhor arma da natureza contra o aquecimento global, porque árvores absorvem e armazenam carbono do ar.

Alfredo Sirkis, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, disse acreditar que ainda seja possível dialogar com o futuro governo.

Mas se retrocessos ambientais acontecerem, há um "plano de contingência", disse ele a jornalistas.

Uma coalizão reunirá governos regionais comprometidos em respeitar as metas de redução de emissões do Brasil definidas sob o Acordo de Paris, afirmou Sirkis.

Governadores em até sete Estados, incluindo Amazonas, Pernambuco, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul já manifestaram interesse em fazer parte, disse ele.

"Isso é só para começar", declarou o ex-parlamentar.

Um porta-voz da Presidência do Brasil nas negociações não quis comentar.

(Por Sebastien Malo)