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Funcionário da Petrobras diz que rebaterá impedimentos para assumir vaga no conselho

17/12/2018 19h02

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras entendeu que o funcionário Danilo Silva não preenche os requisitos necessários para ocupar vaga no Conselho de Administração da empresa e deu cinco dias úteis para que ele apresente sua resposta, afirmou Silva à Reuters nesta segunda-feira.

Segundo Silva, a Petrobras argumentou que o empregado fez parte do Conselho de Administração da empresa de tecnolgi Totvs, entre abril de 2015 e abril de 2017, quando três contratos foram assinados entre ambas as companhias.

"Eu nunca deliberei sobre nenhum contrato envolvendo Petrobras e Totvs, então não faz nenhum sentido essa alegação. Eles pegaram uma formalidade para poder inviabilizar", disse Silva, à Reuters.

Silva foi o segundo colocado em uma eleição no início do ano que escolheu o representante dos empregados para o conselho, e poderia assumir a cadeira no colegiado com a renúncia em 19 de outubro do ganhador do pleito, Christian Queipo, segundo o estatuto da empresa.

Para assumir a posição, no entanto, o empregado precisa passar por uma série de testes de integridade, como parte dos aprimoramentos de governança corporativa criados na empresa após as descobertas de esquemas bilionários de corrupção envolvendo ex-executivos.

Silva afirmou que irá rebater os argumentos apresentados pela área de Recursos Humanos da empresa dentro do prazo e que espera conseguir reverter a decisão pelas vias administrativas, mas não descarta entrar na Justiça.

"A gente espera resolver isso administrativamente. Se não for possível, nós conhecemos o caminho da luta e conhecemos o caminho da Justiça também. Infelizmente, se a alta administração da Petrobras quer pagar para ver, nós vamos entregar para ela a resposta a altura do que ela vem fazendo com a gente", disse Silva, de 36 anos, em um vídeo publicado na internet.

O funcionário questionou ainda a demora para a Petrobras informar a decisão sobre o caso, uma vez que a renúncia de Queipo ocorreu há dois meses.

"A Petrobras poderia ter me avisado há muito tempo, já que já passam mais de 60 dias sem nenhuma notícia, o RH só agora me chamou para essa conversa", afirmou.

A ausência de um representante dos trabalhadores já prejudicou um negócio aprovado pelo conselho da Petrobras e pode colocar em risco outras deliberações do colegiado, indicou Silva, técnico de manutenção da Refinaria de Paulínia (Replan-SP), em entrevista à Reuters na semana passada.

Alegando a falta de um representante dos funcionários no conselho, o Sindicato dos Petroleiros no Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN) entrou com uma ação e obteve na Justiça do Trabalho a suspensão da decisão do conselho que autorizou a venda de 34 campos terrestres no Rio Grande do Norte, na semana passada.

Segundo Silva disse na semana passada, o sindicato não descarta outras ações judiciais.

Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

(Por Marta Nogueira)