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Desastre em Brumadinho deve gerar pressão sobre Vale e Bolsonaro, avalia Fitch

30/01/2019 14h07

30 Jan (Reuters) - O desastre gerado pelo rompimento na semana passada de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG) vai gerar forte pressão não somente sobre a companhia, mas também sobre o presidente Jair Bolsonaro, que deve enfrentar demandas por mudanças regulatórias no setor de mineração, avaliou a consultoria de análise macroeconômica Fitch Solutions.

"Além da Vale, haverá uma pressão crescente sobre o governo brasileiro para mudanças que poderiam levar a uma regulação maior sobre minas de rejeitos. O presidente Jair Bolsonaro provavelmente enfrentará substancial pressão pública... embora ele siga amplamente comprometido em cortar regulações sobre a indústria brasileira, ele também se mostrou suscetível à pressão popular anteriormente", escreveu Fitch no material.

Na sequência do desastre, a Vale anunciou na véspera um plano para descomissionar por iniciativa própria suas dez barragens rejeitos a montante, o que pode levar até três anos. 

A análise da Fitch Solutions avalia ainda que, além dos custos e consequências do incidente em Brumadinho, incluindo indenizações, a Vale deverá agora ver maiores riscos em ação aberta por acionistas contra a companhia pelo rompimento em 2015 da barragem de Fundão, em Mariana (MG), operada pela Samarco, joint venture da mineradora com a BHP.

"Embora nenhuma decisão tenha sido tomada, a pressão sobre a Vale será agravada pelos eventos recentes, uma vez que a maior produtora de minério de ferro do mundo pode estar a caminho de uma severa punição", aponta o relatório.

Após o rompimento em Brumadinho, um escritório de advocacia entrou com nova ação contra a Vale e executivos da companhia nos Estados Unidos, sob alegação de que a mineradora mentiu ou omitiu informações sobre suas operações dos investidores, causando a eles enormes perdas financeiras depois do incidente. 

A Vale afirmou em nota que pretende se defender de forma "vigorosa" após um escritório de advocacia ter ajuizado petição junto à Justiça dos Estados Unidos em que pede abertura de class action contra a companhia e seus principais executivos.

(Por Jamie McGeever; reportagem adicional de Luciano Costa em São Paulo)