EXCLUSIVO-EUA emitirão orientações a empresas de carnes em meio a aumento de recalls
Por Tom Polansek
CHICAGO (Reuters) - O governo norte-americano planeja emitir novas orientações para empresas alimentícias ainda esta semana, depois de um aumento no número de recalls de carne e aves possivelmente contendo metal, plásticos e outros materiais, disse uma autoridade de segurança alimentar nesta segunda-feira.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) aconselhará produtores de alimentos a iniciarem investigações internas quando receberem reclamações de consumidores e a notificar o governo em 24 horas se produtos contaminados estiverem em mercados, disse Carmen Rottenberg, administradora do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do USDA.
As orientações voluntárias, sendo trabalhadas há meses, foram designadas para garantir que empresas cumpram exigências regulatórias pré-existentes, disse.
Os registros da USDA mostram que, desde o começo de 2017, Tyson Foods Inc, Smithfield Foods Inc e outras empresas lançaram mais de 25 recalls envolvendo milhões de quilos de nuggets de frango, calzones, salsichas e outras comidas que potencialmente continham materiais perigosos.
Defensores dos consumidores disseram que a automação cada vez maior no processamento de carne contribuiu para mais partes mecânicas se separando e contaminando a comida. A indústria de carne afirma que produtores relutam em retirar comida antes de investigar se as reclamações dos consumidores são legítimas.
Reclamações múltiplas de consumidores frequentemente precedem recalls, disse o USDA na agenda para uma reunião mensal que dois defensores dos consumidores fornecerem à Reuters na semana passada.
Em uma entrevista para responder perguntas sobre a agenda da reunião, Rottenberg disse que os recalls podem ter aumentado porque o USDA colocou mais foco em garantir que empresas alimentícias e inspetores do governo conheçam as exigências para retirar os produtos.
As novas orientações aconselharão produtores de alimentos sobre como investigar e processar reclamações e aplicar informações a partir de então para relatos posteriores de produtos contaminados, disse.
"Tomar ação imediata é o que é realmente crucial para a agência", disse Rottenberg.
Um trio de recalls de Tyson Foods, Perdue Foods e Pilgrim's Pride Corp de produtos de frango que poderiam conter borracha ou madeira colocaram os holofotes sobre os riscos alimentares em janeiro e fevereiro.
Em outro recall, em 23 de fevereiro, a produtora de comida congelada Bellisio Foods disse que pode ter havido peças de vidro ou plástico na marca de porco para churrasco Boston Market.
No sábado, a privada Agri Beef retirou carne produzida nas suas instalações no Estado de Washington. Dois dias antes, um consumidor reclamou de ter encontrado plástico azul em um produto, de acordo com a empresa, que afirmou estar auditado seus procedimentos para impedir futura contaminação.
"A contaminação de materiais estranhos é o reflexo de algo dando errado no processo de inspeção e no processo de controle de qualidade de uma empresa", disse Thomas Gremillion, diretor de políticas alimentícias da Federação de Consumidores da América.
Representantes de Perdue Foods, Pilgrim's Pride, JBS e Smithifeld Foods, da WH Group, não responderam a pedidos por comentários. A Tyson disse que exemplos de materiais estranhos em seus produtos são raros.
“Se acontecer, nos mexemos rapidamente para notificar os afetados e tomar ações corretivas”, disse o porta-voz da Tyson, Worth Sparkman.
O Instituto de Carne da América do Norte, grupo industrial que representa a Tyson e outras empresas, publicou em agosto suas melhores práticas para lidar com reclamações de consumidores sobre materiais estranhos na carne e nas aves. Elas foram revisadas pela USDA.
“Francamente, muitas reclamações de consumidores são falsas”, disse Mark Dopp, vice-presidente sênior de regulamentações e assuntos científicos para o grupo. Ele afirmou que empresas muitas vezes precisam de tempo para analisar a veracidade das reclamações antes de agirem.
A tecnologia também ajuda empresas de carne a detectarem materiais estranhos na comida antes de ela ser enviada a consumidores, de acordo com o instituto de carne.
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