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Bolsonaro diz no Chile que responsabilidade de reforma da Previdência está com Congresso

23/03/2019 14h37

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado no Chile que o Brasil precisa "fazer o dever de casa" e aprovar a reforma da Previdência, e que o Congresso Nacional está neste momento com esta responsabilidade.

Ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera, após um encontro bilateral, Bolsonaro afirmou que há "preocupações sim com as discussões que ocorrem por ocasião da reforma da Previdência".

"A responsabilidade no momento está com o Parlamento brasileiro, eu confio na maioria dos parlamentares, porque esta não é uma questão de governo Jair Bolsonaro, mas sim uma questão de Estado, é questão de nós no Brasil não experimentarmos situações que outros países enfrentaram, como por exemplo alguns da Europa...", disse ele, referindo-se a nações que não realizaram as reformas necessárias.

A declaração foi feita no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que Bolsonaro precisa assumir a liderança da articulação da reforma da Previdência.

Maia disse ainda que Bolsonaro precisa se convencer da importância da reforma da Previdência para o país.

Em entrevista a jornalistas, o presidente Bolsonaro foi questionado sobre as declarações de Maia, e o que estaria por trás das críticas do presidente da Câmara.

"Não quero fazer prejulgamento de nada, mas você sabe que a temperatura está um pouco alta... Eu não vou entrar nesta disputa. Somos independentes, não serei levado para um campo de batalha diferente do meu", respondeu Bolsonaro, em entrevista apresentada pela Globonews.

"Eu respondo pelos meus atos no Executivo, Legislativo são eles, Judiciário é o Dias Toffoli (presidente do STF), e assim toca o barco. Não queiram me arrastar para um campo de batalha que não é o meu."

Em discurso televisionado mais cedo, ao lado do presidente do Chile, Bolsonaro disse que a aprovação da reforma da Previdência "é único caminho que temos para alavancar o Brasil, juntamente com outros países na América do Sul, para local de destaque que nós merecermos estar".

COP25

Junto a Piñera, Bolsonaro agradeceu ainda o colega chileno por ter "abraçado" a próxima conferência climática das Nações Unidas COP25, que será realizada no Chile.

Embora o Brasil tenha desistido de sediar a conferência, Bolsonaro disse que o país "não estará fora dela".

"O Brasil nada deve para o mundo no tocante à preservação de meio ambiente...", destacou Bolsonaro.

O presidente reiterou a preocupação de seu governo sobre a soberania brasileira na região da Floresta Amazônica.

"A grande preocuação minha é a região amazônica, a região amazônica não pode ter risco de ser internacionalizada, é um patriotismo de nossa parte...", afirmou ele, acrescentando que o Brasil está aberto a acordos sobre biodiversidade da região ou para a "exploração racional dos bens naturais" da área.

ACORDO COMERCIAL

Bolsonaro, que lembrou que o Chile é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, firmou acordo com o colega chileno no qual os dois países preveem "aprofundar o diálogo e aproximação entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul".

"Com esse objetivo, os presidentes destacam a disposição dos dois países em reforçar sua coordenação quando o Chile assumir a Presidência Pro Tempore da Aliança do Pacífico e o Brasil, a Presidência Pro Tempore do Mercosul, em julho próximo", afirmou o documento.

Pelo texto, Brasil e Chile "comprometem-se a impulsionar o aperfeiçoamento da integração econômica, com vistas a estabelecer uma área de livre comércio de nova geração entre os Estados-partes do Mercosul e os países-membros da Aliança do Pacífico...".

Os dois países ainda reafirmaram o compromisso com a construção de um corredor que pode unir o Centro-Oeste do Brasil com os portos do norte do Chile, passando pela ponte a ser construída entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, pelo Chaco paraguaio e o noroeste argentino.

O Chile ainda reiterou o seu apoio à candidatura brasileira para ingresso na Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), "estando de acordo com a importância da entrada brasileira".

VENEZUELA

Sobre a crise na Venezuela, os dois presidentes reafirmaram "o compromisso de contribuir para restaurar a democracia na Venezuela, que requer a realização de eleições presidenciais livres e justas, conforme os padrões internacionais", além da liberação de todos os presos políticos e "o fim da sistemática violação dos direitos humanos naquele país".

Os dois presidentes ainda ressaltaram a importância de o regime de Nicolás Maduro autorizar "a abertura de canal de ajuda humanitária que possa atenuar a grave escassez de remédios e alimentos naquele país".

Os dois líderes firmaram "compromisso de continuar trabalhando, no âmbito do Grupo de Lima, pela busca de uma saída democrática e pacífica para a crise venezuelana, rejeitando energicamente qualquer ação que implique o uso da violência, sobretudo a opção de intervenção militar".

(Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)