Secretário aponta chance de até 15% de barragem da Vale se romper em Minas
SÃO PAULO (Reuters) - A barragem de rejeitos de minério de ferro Sul Superior, da Vale, em Barão de Cocais (MG), tem até 15% de probabilidade de se romper, disse nesta segunda-feira o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, após discutir a questão com autoridades e a empresa.
A chance de rompimento da barragem, relacionada à mina de Gongo Soco, com produção paralisada desde 2016, está associada justamente a uma movimentação no talude da cava da unidade de mineração, situada a cerca de 1,5 km da estrutura que armazena os rejeitos.
"O rompimento do talude vai acontecer, há uma questão imponderável se esse rompimento do talude na cava vai afetar a barragem, isso não é possível precisar", disse o secretário a jornalistas, nesta segunda-feira.
Em seguida, ele citou avaliação de uma auditoria independente estrangeira, apontando que a chance de a barragem se romper é de "de uma em dez, ou uma em oito, o que levaria 10 a 15% de probabilidade" de rompimento.
"Mesmo assim, ainda lidamos com algo imponderável", destacou.
Segundo o secretário, a ruptura do talude poderia acontecer a partir desta semana, mas não é possível precisar se será um desabamento total ou parcial.
A ação da empresa fechou em baixa de 2 por cento nesta segunda-feira na B3.
Após o desastre em Brumadinho (MG), que deixou 241 mortos confirmados até o momento e 29 desaparecidos, o monitoramento de barragens em Minas Gerais se intensificou.
Segundo o secretário, os especialistas geotécnicos concordam que a movimentação natural da cava se intensificou recentemente.
Caindo a cava, a barragem poderia ser atingida pela vibração da estrutura.
Um alerta de desnível na barragem Sul Superior já havia levado a retirada dos moradores da região poucos dias após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 25 de janeiro.
A barragem Sul Superior está em nível 3, o mais crítico para risco de rompimento, desde 22 de março. A estrutura tem volume de 4,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, segundo o secretário.
Embora a Vale tenha dito anteriormente que não existem elementos técnicos que indiquem que a eventual ruptura da cava da mina possa ter como consequência o rompimento da barragem, a empresa anunciou no sábado que, como parte de ações preventivas, iniciou a construção de uma estrutura de concreto que poderia conter grande parte do volume de rejeitos de minério de ferro.
As obras de terraplenagem para construção da contenção, localizada a 6 km à jusante da barragem Sul Superior, começaram na última quinta-feira.
"Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita", disse a empresa em nota no sábado.
O objetivo é reduzir os possíveis impactos às pessoas e ao meio ambiente no cenário extremo de um rompimento da estrutura.
(Por Roberto Samora)
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