Ibovespa recua pressionado por Fed e à espera do Copom
Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira em queda, chegando a flertar com o patamar de 100 mil pontos, após o anúncio do corte da taxa de juros pelo Federal Reserve, com o mercado ainda atento à reunião do Copom após o fechamento da sessão.
O Ibovespa caiu 1,09%, a 101.812,13 pontos. O volume financeiro somou 19,1 bilhões de reais. Em julho, o índice teve alta de 0,8 por cento, depois de encerrar o segundo trimestre com a melhor performance para o período em uma década, uma valorização de 5,82 por cento.
O índice ampliou o recuo da sessão após o Federal Reserve confirmar estimativas e reduzir a taxa referencial norte-americana em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 2% a 2,25%. No comunicado, disse que decidiu cortar os juros "em face das implicações de desdobramentos globais para a perspectiva econômica, bem como pressões inflacionárias fracas".
O presidente do Fed, Jerome Powell, em discurso após o anúncio, caracterizou o corte como "um ajuste de política no meio do ciclo", comentário que não implica que cortes acentuados e adicionais estão a caminho.
"O discurso dele cria um cenário de incerteza maior quanto ao futuro", afirmou o analista Ilan Arbetman da Ativa Investimentos, completando que o ambiente político-econômico brasileiro contribui para essa questão.
Os agentes financeiros de Wall Street também repercutiram o corte, com os índices encerrando o dia também em queda. O S&P 500 recuou 1,1% a 2.980 pontos.
"Todos sabiam que havia um corte de 0,25 ponto percentual acontecendo. Isso estava precificado no mercado. Talvez os que queriam um corte de 0,50 ponto estejam decepcionados e isso causou as vendas generalizadas inicialmente", comentou Michael Antonelli, estrategista de mercado do banco de investimentos Robert W. Baird.
Ainda nesta quarta-feira, o Banco Central do Brasil deve cortar a taxa básica de juros Selic para nova mínima recorde, de acordo com uma pesquisa Reuters com economistas. O mercado está de certa forma dividido entre uma redução de 0,25 ponto percentual e 0,50 ponto, em relação aos atuais 6,5% ao ano.
"Caso o corte promovido pelo Copom hoje não seja de 0,5 ponto percentual eu vejo um choque mais forte", afirmou Arbetman.
DESTAQUES
- LOJAS RENNER recuou 2,3%, após a varejista de moda divulgar na noite da véspera queda de dois dígitos no lucro líquido do segundo trimestre, refletindo uma maior alíquota de imposto de renda e provisões para participação nos lucros, além de efeitos cambiais que pressionaram as margens.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,6%, em nova sessão negativa para bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN fechando em queda de 2,5%.
- ISA CTEEP PN perdeu 1,2%, após abrir em alta. A maior empresa privada de transmissão de energia do Brasil reportou na terça-feira lucro líquido de 240,3 milhões de reais no segundo trimestre de 2019, queda de 29,8% ante igual período do ano passado.
- CSN avançou 0,8%, após reportar lucro líquido de 1,894 bilhão de reais no segundo trimestre, uma expansão de 59% sobre o desempenho obtido um ano antes. A empresa também anunciou que espera elevar a rentabilidade de suas operações de siderurgia até o final do ano, aumentando sua margem de lucro.
- LOJAS AMERICANAS PN e B2W subiram 4,1% e 3,7%, respectivamente, tendo de pano de fundo conclusão da estrutura de capital da AME, sua carteira digital.
- TIM subiu 1,75%, após crescimento de 26% no lucro líquido ajustado do segundo trimestre sobre um ano antes. A empresa espera que o crescimento da receita acelere no segundo semestre do ano, após sinais iniciais de melhora nos planos pré-pago e pós-pago em julho.
- SMILES avançou 4,3%, tendo no radar também balanço do segundo trimestre, quando registrou lucro líquido de 155,7 milhões de reais.
- PETROBRAS PN caiu 0,6 por cento e PETROBRAS ON subiu 0,3%, em sessão mista dos contratos futuros do petróleo no mercado externo.
- VALE recuou 0,4%, antes da divulgação do balanço do segundo trimestre, previsto para após o fechamento do pregão desta quarta-feira.
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