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Brasil registra déficit de US$9 bi nas transações correntes e tem pior julho em 5 anos

26/08/2019 10h37

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil teve déficit em transações correntes de 9,035 bilhões de dólares em julho, pior dado para o mês em cinco anos, afetado pela balança comercial mais fraca e pelo aumento das remessas líquidas de lucros e dividendos para fora, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira.

O dado frustrou expectativa de déficit de 5,9 bilhões de dólares, conforme pesquisa Reuters com analistas. Este foi o maior rombo para julho desde 2014, quando chegou a 10,317 bilhões de dólares.

Já os investimentos diretos no país somaram 7,658 bilhões de dólares, acima da projeção de analistas de 7 bilhões de dólares, após um resultado fraco registrado em junho, quando o ingresso foi de apenas 2,190 bilhões de dólares.

Em julho, houve um salto na remessa líquida de lucros e dividendos para o exterior, a 3,132 bilhões de dólares, de 1,036 bilhão no mesmo mês do ano anterior.

Por sua vez, a balança comercial sofreu uma queda de 54,8% na mesma base de comparação, alcançando 1,602 bilhão de dólares.

A despesa líquida com viagens internacionais ficou estável em 1,3 bilhão de dólares, informou o BC.

De janeiro a julho, o déficit em transações correntes alcançou 21,683 bilhões de dólares, crescimento de 76,8% sobre igual período do ano passado, e já acima da expectativa que havia sido divulgada pelo BC para o ano, de um rombo de 19,3 bilhões de dólares. A projeção foi feita em junho e será revisada pelo BC em setembro.

O chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que o dado observado no acumulado do ano foi influenciado pela redução de 6,8 bilhões de dólares no superávit da balança comercial, principalmente pelo comportamento das exportações, que caíram 4,7% sobre igual período do ano passado, enquanto as importações subiram 0,4%.

Questionado se o cenário poderia estar sendo impactado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, Rocha respondeu que não tinha informações suficientes para essa avaliação.

Também contribuindo para a piora das transações correntes no ano, as despesas líquidas com lucros e dividendos aumentaram 3,6 bilhões de dólares sobre o acumulado de 2018, afetadas fundamentalmente pela diminuição de receitas, já que as despesas, que respondem pelo envio propriamente dito de recursos, ficaram relativamente estáveis.

Em 12 meses, o déficit em transações correntes chegou a 24,392 bilhões de dólares, equivalente a 1,31% do Produto Interno Bruto (PIB), num salto em relação ao mês anterior, quando o patamar era de 1,06% do PIB, e no pior patamar desde janeiro de 2017 (1,32%).

COMPRA DE AÇÕES POR ESTRANGEIROS

Em julho, o investimento de estrangeiros em ações e fundos de investimento no país chegou a 4,880 bilhões de dólares, mais que o dobro do registrado um ano antes, levando o resultado do acumulado do ano ao campo positivo, com ingresso de 2,871 bilhões de dólares.

Rocha destacou que a linha foi sensibilizada em cerca de 2,5 bilhões de dólares por duas operações: venda no mês da fatia da Petrobras na empresa de combustíveis BR Distribuidora e oferta secundária de ações da resseguradora IRB.

Em agosto, a parcial até o dia 22 já aponta saída líquida do Brasil de 2,4 bilhões de dólares em ações e fundos de investimento.

Os números, segundo Rocha, denotam "a volatilidade nesses instrumentos de portfólio", com entradas e saídas sendo alternadas mês a mês.

(Por Marcela Ayres)