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Renova propõe em recuperação judicial venda de ativos e pagar bancos em até 14 anos

18/12/2019 09h56

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A Renova Energia, que tem a estatal mineira Cemig como principal acionista, apresentou plano de recuperação judicial que prevê vendas de ativos para levantar recursos e propõe pagamento de dívidas junto a credores com garantia real em prazo de até 14 anos.

De acordo com o plano, divulgado na noite de terça-feira, os credores com garantia real, que incluem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e instituições privadas como Itaú Unibanco e Bradesco, seriam pagos em 24 parcelas semestrais, com a primeira vencendo após período de carência de principal e juros de 24 meses.

A companhia listou em sua relação de credores débitos de 445,8 milhões de reais junto ao BNDES, além de 323 milhões de reais com o Bradesco e 118 milhões de reais com o Itaú, entre outros bancos.

O endividamento da companhia sujeito à recuperação judicial soma cerca de 2,5 bilhões de reais, quase todo o valor com bancos. Há ainda 11,7 milhões de reais em dívidas trabalhistas.

Os débitos trabalhistas seriam pagos em 30 dias após a homologação do plano, para valores limitados a 5 salários mínimos, com pagamento integral dos créditos em até 12 meses.

VENDAS DE ATIVOS

A Renova Energia propõe no plano que credores que realizarem empréstimos à companhia ou financiarem empresas interessadas em comprar seus ativos poderão acelerar o recebimento de seus créditos.

Entre os ativos que poderão ser negociados pela companhia para quitar compromissos financeiros estão sua participação na operadora de pequenas hidrelétricas Brasil PCH, que teria valor mínimo de 1 bilhão de reais.

A empresa também poderá vender suas ações na Energética Serra da Prata, por pelo menos 200 milhões de reais, e na SF 120 Participações, por 60 milhões de reais.

As vendas de ativos deverão acontecer por meio de processos competitivos. As negociações dependerão, no entanto, da liberação por credores de garantias associadas a esses ativos.

Em paralelo, o plano prevê que a Renova poderá contratar operações de mútuo para reforçar seu caixa e financiar suas operações, incluindo um ou mais financiamentos de entre 300 milhões e 350 milhões de reais para finalização do parque eólico Alto Sertão III.

O complexo eólico na Bahia tem quase 90% de avanço físico, mas está com obras paralisadas há anos devido à falta de recursos da Renova. A empresa vinha tentando vender o ativo, e apresentou seu plano de recuperação judicial logo após o fracasso em negociações pelas usinas com a AES Tietê.

A Renova apontou ainda que todos credores concursais ou extraconcursais poderão converter parte ou a integralidade de seus créditos junto à companhia em ações da companhia.