Fed corta juros e bancos centrais globais coordenam ação para limitar impacto do coronavírus
Por Howard Schneider e Lindsay Dunsmuir e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve e outros bancos centrais globais agiram agressivamente no domingo para sustentar a economia que se deteriora rapidamente em meio à pandemia de coronavírus, com o Fed cortando os juros para perto de zero, prometendo centenas de bilhões de dólares em compras de ativos e escorando autoridades estrangeiras com a oferta de financiamento barato em dólar.
Em entrevista à imprensa, o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a epidemia está tendo um impacto "profundo" sobre a economia, forçando indústrias como de viagem e lazer a fecharem totalmente.
Powell disse ainda que o Fed cancelou as previsões econômicas trimestrais que seriam divulgadas esta semana já que seriam um exercício fútil até que esteja claro quantas pessoas ficarão doentes, e por quanto tempo encontros públicos terão que ser desencorajados em nome da saúde pública.
"O cenário econômico está evoluindo dia a dia e depende da disseminação do vírus...Isso não é algo que se possa saber", disse Powell ao final de uma reunião de emergência do Fed que substituiu a reunião regular que aconteceria esta semana.
Dadas as incertezas dos riscos, Powell disse que o Fed e outros bancos centrais estão agindo para garantir que os mercados financeiros continuem funcionando em todo o mundo, e tentando limitar a chance de que empresas, famílias ou instituições financeiras sejam arrasdas por qualquer queda nos negócios.
Para isso o Fed incluiu medidas dramáticas para manter o crédito a empresas e famílias, encorajando bancos a acessar trilhões de dólares em ações e ativos líquidos adquiridos como proteção desde a crise financeira.
"O vírus está tentado um efeito profundo nas pessoas em todos os Estados Unidos e ao redor do mundo", disse Powell após o Fed cortar os juros para a faixa de 0% a 0,25% e anunciar ao menos 700 bilhões de dólares em compras de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas nas próximas semanas.
"Nós realmente vamos usar nossas ferramentas para fazer o que precisamos fazer aqui", disse Powell, acrescentando que o Fed pode aumentar as compras de títulos e usar outras ferramentas para manter o mercado funcionando e o fluxo de crédito, o que ele chamou de função "mais importante" do Fed.
Uma ampla gama de ferramentas, incluindo empréstimos diretos a empresas financeiras, permanece à disposição do Fed, e Powell disse que o banco central não irá hesitar em usá-las se necessário.
Powell disse não poder afirmar por quanto tempo vai durar o ou tamanho que terá a retração, mas prometeu manter os juros onde estão até que as autoridades do Fed estejam "confiantes de que a economia superou os eventos recentes e esteja a caminho de alcançar as metas de emprego máximo e estabilidade de preços.
"O Fed vai adiar as estimativas econômicas oficiais até junho", disse ele.
O Fed e outros bancos centrais também cortaram a precificação de suas linhas de swap para facilitar o fornecimento de dólares a instituições financeiras em todo o mundo que enfrentam estresse nos mercados de crédito.
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