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Ibovespa amplia queda com aversão a risco por Covid-19, apesar de medidas

23/03/2020 12h49

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista ampliava viés negativo nesta segunda-feira, com o Ibovespa caindo abaixo dos 63 mil pontos e pressionado principalmente por bancos, conforme segue a aversão a risco global e apesar de novas medidas sócio-econômicas de resposta ao Covid-19 no Brasil e no mundo.

Às 12:46, o Ibovespa caía 7,27%, a 62.196,16 pontos, renovando mínima de mais cedo depois de chegar a avançar 0,8% no início da sessão. O volume financeiro no pregão somava 9,56 bilhões de reais.

Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,85%, a 67.069,36 pontos, acumulando uma perda de quase 19% na semana, pior resultado semanal desde 10 outubro de 2008.

"Fica cada vez mais claro que o mercado precisa de uma 'luz no final do túnel' em relação ao arrefecimento do coronavírus e seus impactos econômicos", afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos.

No exterior, o norte-americano S&P 500 recuava 3,3%, mesmo após Federal Reserve adotar nesta segunda-feira uma extraordinária série de programas para compensar as "graves perturbações" na economia causadas pela pandemia.

A iniciativa do Senado dos Estados Unidos de aprovar um projeto de lei de mais de 1 trilhão de dólares de reação ao coronavírus continuava travada na noite de domingo.

Entre as medidas mais recentes anunciadas no Brasil, o Banco Central reduziu a alíquota do compulsório sobre recursos a prazo para 17%, prevendo uma liberação de 68 bilhões de reais na economia a partir do dia 30 de março.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), por sua vez, aprovou medida que autoriza instituições financeiras a captarem por meio de depósitos a prazo com garantia especial do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

O governo do presidente Jair Bolsonaro editou no domingo medida provisória que permite aos empregadores suspenderem os contratos de trabalho de seus funcionários por quatro meses sem pagamento de salário.

E o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um pacote de medidas totalizando 55 bilhões de reais, com foco na preservação de empregos.

Ao mesmo tempo, mais empresas anunciaram suspensão de determinadas atividades, entre elas Klabin, Magazine Luiza, brMalls e Arezzo

De acordo com o Ministério da Saúde, no domingo, os casos de Covid-19 no Brasil chegaram a 1.546, em comparação com 1.128 até sábado. O número de mortos por coronavírus no país subiu para 25, ante 18 até a véspera.

DESTAQUES

- BRADESCO PN desabava 9%, assim como ITAÚ UNIBANCO PN despencava 8,8%, BANCO DO BRASIL ON derretia 9,8% e SANTANDER BRASIL UNIT experimentava um tombo de 8,2%, mesmo após medidas anunciadas pelo governo, em meio a preocupações sobre possível necessidade de renegociação de dívidas por empresas no âmbito das medidas de combate ao Covid-19, entre outros itens. O Credit Suisse disse que a expectativa é de os spreads de crédito devem avançar de forma significativa.

- NATURA & CO recuava 16,45%, entre as maiores quedas do Ibovespa, diante das perspectivas de menor consumo em razão das restrições de circulação por causa do Covid-19, com empresas do setor de consumo e varejo sofrendo de forma generalizada. LOJAS RENNER, que anunciou na semana passada o fechamento temporário de suas lojas físicas, perdia 14,5%,

- ULTRAPAR ON caía 17,4%, com expectativas de menor demanda por combustíveis com as medidas restrição à circulação de pessoas como forma de combate à propagação do novo coronavírus. A BR DISTRIBUIDORA, que cedia 9,7%, admitiu em comunicado nesta segunda-feira que a epidemia de coronavírus "deverá ocasionar redução da demanda por combustíveis no país". Já COSAN tinha oscilação negativa de 0,02%.

- USIMINAS PNA mostrava queda de 10,6%, dado o cenário de menor atividade, com montadoras - entre os principais clientes da siderúrgica - paralisando linhas de montagens e dando férias coletivas para funcionários. O Credit Suisse cortou o preço-alvo da ação de 11,50 reais para 9,50 reais, mas reiteraram recomendação 'outperform" citando preço.

- LOCALIZA ON caía 16,3%, afetada pelas restrições de circulação no país.

- SUZANO subia 2,3%, entre as poucas altas, beneficiada pela alta do dólar ante o real, além do fato de produzir itens bastante demandado neste momento. KLABIN UNIT cedia 2%, após anunciar paralisação das obras do projeto Puma II.

- PETROBRAS PN caía 4,8% e PETROBRAS ON perdia 5,9%, em meio a uma nova sessão de queda dos preços do petróleo no exterior, além de prognóstico de menor demanda por combustíveis no país.

- VALE ON mostrava declínio de 4%, em meio ao tombo de 6% dos preços do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian após o anúncio de medidas mais restritivas pelo mundo para conter a pandemia de coronavírus. A mineradora também decidiu paralisar temporariamente seu centro de distribuição na Malásia.