Dólar cede mais de 1% acompanhando apetite por risco no exterior após onda de estímulo
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em queda acentuada contra o real nesta terça-feira, abaixo de 5,10 reais, em meio a melhor apetite por risco no exterior depois de grande onda de estímulo global em resposta à pandemia de coronavírus.
Às 10:14, o dólar recuava 1,00%, a 5,0870 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez caía 1,33%, a 5,0815 reais.
"O dólar está mais fraco no exterior, mostrando queda devido à expectativa de aprovação do pacote de ajuda contra o coronavírus no Senado norte-americano", e o real acompanhava esse movimento, disse Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.
O pacote de estímulo econômico de longo alcance, no valor de 2 trilhões de dólares, foi proposto pelos republicanos para tentar mitigar os efeitos adversos do coronavírus sobre a economia, e está em discussão no Senado à medida que a oposição democrata busca reforçar no texto o auxílio a trabalhadores e Estados dos EUA.
No exterior, o otimismo sobre a medida -- bem como a esperança decorrente de estímulos monetários de diversos bancos centrais -- pressionava o dólar contra divisas arriscadas, como peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, que subiam entre 1 e 2%.
No cenário doméstico, segundo Bandeira, "a situação é mais tranquila no lado político, na relação entre Estados e municípios com o governo federal, devido à liberação de recursos", o que tirava pressão do real.
O governo federal anunciou na segunda-feira um plano de 88,2 bilhões de reais em ajuda a Estados e municípios, atendendo parte do pleito feito pelos entes subnacionais para conseguirem arcar com demandas de saúde e impactos econômicos do coronavírus.
Apesar da queda desta segunda-feira, o dólar spot já acumula alta de mais de 26% em 2020, e superou sucessivas máximas recordes no mês de março. No período, a cotação chegou a superar em mais de 1 real o patamar de 4,20 reais, que, no início do ano, era visto por analistas como teto difícil de superar.
Em meio à crise sanitária global, com fortes impactos econômicos, fica incerto qual será o comportamento do dólar daqui para frente. "A única certeza que temos em épocas de crise é de que a volatilidade vai continuar comandando o jogo cambial brasileiro", disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.
Na segunda-feira, a moeda norte-americana à vista subiu 2,21%, a 5,1385 reais na venda.
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