Bolsonaro diz que não está preocupado com investigação sobre PF e vídeo deveria ter sido destruído
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não tem preocupação com investigações e que não falou as palavras Polícia Federal e superintendência durante a reunião ministerial do mês passado citada em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) em que, segundo o ex-ministro Sergio Moro, o presidente teria cobrado a troca do comando da PF.
Em duas entrevistas a jornalistas --na rampa do Palácio do Planalto e em frente ao Palácio da Alvorada--, Bolsonaro disse que as informações repassadas à imprensa sobre a reunião ministerial --que teve um vídeo mostrado às partes do processo nesta terça-feira na Polícia Federal-- estão erradas. Ele disse que durante a reunião só tratou do seu temor pela segurança da sua família.
Segundo Bolsonaro, o vídeo foi entregue à Justiça porque ele acredita na verdade. Ele afirmou que o material, por não ser oficial, deveria ter sido inclusive destruído.
"Tudo o que interessar ao processo, eu topo retirar o sigilo. Tudo sem exceção. Ao inquérito, né? Eu topo retirar, sem problema nenhum. Olha só, no vídeo todo, não sei se vocês vão reportar, o que interessa para o inquérito... eu digo mais, no vídeo todo não tem a palavra 'Polícia Federal', não tem a palavra 'Superintendência'", disse Bolsonaro em frente ao Alvorada.
Em reunião ministerial no dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro disse que, segundo uma fonte com conhecimento do vídeo do encontro, a perseguição a seus familiares justificaria a troca do então superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro e indicou que, se ela não fosse efetivada, trocaria o diretor-geral da PF e o próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, cargo então ocupado por Sergio Moro.
Segundo depoimento prestado por Moro no âmbito de investigação sobre as acusações que fez contra Bolsonaro, o presidente teria dito na reunião que iria interferir em todos os ministérios e, quanto à pasta da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça.
No Planalto, o presidente disse nesta terça que o vídeo é "a última cartada midiática".
"Eu não escondo nada de ninguém. Expectativa? Olha, o depoimento do Moro, com todo respeito, né? Quem leu, e leu com isenção, viu que não tem acusação nenhuma. O do Valeixo, a mesma coisa. Esse vídeo agora é a última cartada midiática usando da falácia, da mentira, para tentar achar que eu tentei interferir na PF (Polícia Federal)", disse Bolsonaro.
ATIVIDADES ESSENCIAIS
O presidente voltou a defender sua decisão de incluir academias e salões de beleza como atividades essenciais e a criticar os governadores que estão adotando medidas duras de isolamento social.
"Olha, o caminho para quem não quiser cumprir decreto (sobre atividades essenciais) tem dois: uma ação na Justiça ou projeto de decreto legislativo no Congresso. Ponto final. Fora isso, fora isso, é a mesma coisa que eu desobedecer uma ordem do Supremo. É a mesma coisa", disse.
"A democracia se faz em cima dessa forma. Eu já entrei com projeto de decreto legislativo quando era deputado, no passado, contra decretos de presidentes", acrescentou.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, Ricardo Brito e Gabriel Ponte)
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