Brasil pode se tornar um dos epicentros da pandemia, diz presidente do Butantan
O Brasil pode se tornar um dos epicentros da pandemia global de coronavírus caso a marcha atual da covid-19 no país não seja revertida, disse hoje o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, que ocupa interinamente o posto de coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado de São Paulo.
Covas lembrou, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, que, embora a epidemia de covid-19 no Brasil tenha começado depois do que ocorreu em países da Europa, o número de mortes confirmadas pela doença em território nacional já ultrapassou o de vários países europeus.
"Em número de casos, o Brasil é o oitavo país do mundo, em número de mortes é o sexto país do mundo. Nós ultrapassamos, em termos de mortes, países como a Bélgica, Alemanha, Holanda, Canadá e a China. Isso mesmo considerando que nós estamos ainda numa fase inicial da evolução da epidemia. Nós estamos hoje há 76 dias do primeiro caso notificado e há 57 dias da primeira morte registrada", disse Covas, que coordena o centro de contingência devido à licença médica do infectologista David Uip.
"Nós estamos progredindo nessa escala, cada vez mais aproximando do topo. Isso mostra a importância do Brasil como um dos centros da epidemia e que poderá se tornar, se essa marcha não for invertida, talvez um dos epicentros mundiais", acrescentou.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado, existem em São Paulo 47.711 casos confirmados de covid-19, com 3.949 mortes. Na sexta-feira, Covas disse que o Estado, de longe o mais atingido pela doença no Brasil, deve chegar no dia 31 de maio a entre 90 mil e 100 mil casos confirmados da doença, ao passo que o número de mortos deve estar entre 9 mil e 11 mil.
Números do Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira apontam para 168.331 casos confirmados da doença nacionalmente, com 11.519 mortes.
Na sexta-feira (8), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a prorrogação das medidas de isolamento social no Estado até o dia 31 de maio, desistindo da possibilidade anunciada em abril de iniciar o afrouxamento das medidas restritivas a partir da segunda-feira.
Doria, que não estava presente na coletiva, pois às terças e quintas é feito uma entrevista técnica prioritariamente com autoridades de saúde, não descarta a realização de uma medida mais rígida com um lockdown.
Indagado sobre quais seriam os critérios para que isso fosse feito, Covas respondeu: "a capacidade do sistema de saúde é o que determina a necessidade do que você chamou de lockdown".
Segundo ele, a medida pode ser deflagrada se a taxa de ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) se aproximar de 100%.
De acordo com número da secretaria estadual, o Estado está com 69,1% dos leitos de UTI ocupados, índice que sobe para 85,7% quando leva-se em conta apenas a região metropolitana da capital paulista.
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