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Colheita de café do Brasil 2020/21 atrasa com restrições por coronavírus

21/05/2020 11h36

SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de café da safra 2020/21 do Brasil alcançava 13% do total projetado até 19 de maio, informou nesta quinta-feira a consultoria Safras & Mercado, que apontou atraso em relação ao ritmo do ano anterior e à média histórica, em meio a restrições associadas à pandemia de coronavírus.

Medidas de isolamento que geraram restrições à circulação de pessoas impactaram os trabalhos de campo, particularmente no Espírito Santo, principal produtor da variedade robusta, prejudicando o número da safra como um todo.

A colheita em Minas Gerais, maior produtor de café arábica do Brasil, ainda está nas etapas iniciais.

Operadores e produtores já esperavam atrasos com a colheita no Brasil neste ano devido às limitações e estratégias adotadas como prevenção ao coronavírus, conforme reportou a Reuters no início de abril.

O Brasil, maior produtor e exportador global de café, deve produzir uma safra recorde de 68,1 milhões de sacas de 60 quilos neste ano, segundo projeção da Safras.

A consultoria disse que produtores já haviam colhido 16% da safra nesse mesmo período do ano passado, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 15%.

"As restrições para locomoção e ao número de trabalhadores nas lavouras, no Espírito Santo, particularmente, explica a morosidade", disse em nota o consultor Gil Barabach, da Safras.

"Outro motivo é a opção do produtor em esperar as plantas atingirem um percentual maior de maturação, para, com isso, reduzir o número de idas às lavouras, otimizando a mão de obra. É a colheita de café se ajustando aos tempos de pandemia", comentou.

Essa estratégia pode funcionar para o café robusta, mas gera riscos à qualidade caso seja adotada em plantações de arábica. Os grãos de café arábica, mais valorizados, precisam ser colhidos no ponto ideal de maturação.

A colheita de arábica, contudo, possui maior nível de mecanização no Brasil.

A epidemia de coronavírus tem se agravado no Brasil nesta semana. O país está perto de se tornar o segundo país do mundo com mais casos da doença.

O Ministério da Saúde registrou 888 novas mortes associadas ao vírus na quarta-feira, com quase 20 mil novas infecções.

(Por Marcelo Teixeira)