Default e depois acordo? Argentina não deverá cumprir obrigação de dívida com negociações ainda pendentes
Por Cassandra Garrison e Adam Jourdan e Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina deve deixar nesta sexta-feira de fazer 500 milhões de dólares em pagamentos, já atrasados, de juros de títulos, o que empurraria o país a um nono default soberano em meio a negociações em andamento com credores para reestruturação de dívida.
O embaixador da Argentina nos Estados Unidos escreveu em uma carta, obtida pela Reuters, que o país não cumpriria com os pagamentos de títulos nesta sexta-feira, em razão da "perspectiva de chegar a um acordo com seus credores sobre novos termos para seus títulos".
"A Argentina adiará esse pagamento até que um acordo seja alcançado com os credores e novos termos sejam acertados sobre os juros a serem pagos sobre os referidos títulos", escreveu o embaixador Jorge Argüello na carta.
O Ministério da Economia da Argentina afirmou em comunicado atribuído ao ministro Martín Guzmán que o pagamento dos juros é parte de uma discussão mais ampla sobre a reestruturação "e esperamos que seja tratado no acordo mais amplo que estamos buscando".
A Reuters não conseguiu entrar em contato imediatamente com funcionários da embaixada da Argentina nos Estados Unidos para mais comentários.
O provável default em três títulos ocorre no contexto de negociações para ajustar cerca de 65 bilhões de dólares em dívida externa, com novo prazo final para um acordo postergado na quinta-feira para 2 de junho, em meio a sinais de que os dois lados podem estar cautelosamente se aproximando de um acerto.
A Argentina e seus credores, que têm negociado propostas desde o mês passado, têm indicado que estão interessados em evitar um default conturbado, o qual poderia desencadear anos de litígio e bloquear o acesso ao mercado global de capitais para o país, um importante produtor de grãos.
Guzmán disse à Reuters, no fim da quinta-feira, que o governo planejava alterar sua oferta aos credores e que as negociações estavam em um curso positivo, embora ainda houvesse uma "distância importante" para um acordo.
"Esses são tempos críticos. O que é alcançado agora afetará as vidas de milhões de pessoas e provavelmente terá efeitos em toda uma classe de ativos", disse ele.
Os credores também têm mostrado sinais de flexibilidade e indicaram que não devem tomar medidas imediatas contra a Argentina por causa de qualquer default, desde que as negociações estejam no caminho certo.
Um grande grupo de credores, que detém cerca de 16,7 bilhões de dólares em bônus internacionais da Argentina, disse nesta sexta-feira que, embora o não cumprimento de pagamento provoque default em vários títulos, a Argentina está buscando um acordo abrangente.
(Reportagem adicional de Rodrigo Campos em Nova York)
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