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PGR analisa abrir inquérito contra ministros após falas de reunião ministerial

29/05/2020 16h12

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O procurador-geral da República, Augusto Aras, analisa juntamente com sua equipe se vai abrir novas frentes de investigações por declarações dadas por ministros do governo Jair Bolsonaro na reunião ministerial do dia 22 de abril, informou à Reuters a Secretaria de Comunicação do órgão.

As eventuais novas frentes de investigação teriam como base representações apresentadas por cidadãos e partidos políticos contra ministros, segundo a assessoria da PGR.

Os dois principais alvos de questionamentos encaminhados à PGR foram os ministros da Educação, Abraham Weintraub, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

A declaração mais polêmica de Weintraub na reunião envolvia os ministros do Supremo Tribunal Federal. "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF", disse o ministro da Educação no encontro.

Salles, por sua vez, afirmou que a epidemia do novo coronavírus representava uma oportunidade para “ir passando a boiada”, isto é, mudar pontos da legislação no país sem chamar a atenção e facilitar a exploração de terras hoje restritas pelas leis ambientais.

Em tese, essas representações poderiam gerar pedidos de abertura de inquéritos contra essas autoridades no STF.

Os pedidos tiveram como base o vídeo da reunião divulgado na sexta-feira da semana passada, por determinação do ministro do Supremo Celso de Mello, no curso do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao supostamente tentar interferir na Polícia Federal, como acusou o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.

Não há um prazo para que Aras se posicione sobre as representações, disse a assessoria da PGR. Também não há previsão de manifestação sobre o vídeo especificamente, acrescentou o órgão.

O vídeo é apontado pela defesa de Moro como uma das principais provas de que Bolsonaro tentou interferir no comando da PF.

O presidente, que nega a acusação do seu ex-ministro, tem criticado duramente nos últimos dias Celso de Mello por ter liberado uma divulgação ampliada do vídeo da reunião para além dos fatos do inquérito inicial --foi isso que permitiu captar as falas de Weintraub e Salles.

Procuradas pela Reuters, a assessoria de Weintraub disse que o ministro não vai se manifestar sobre o assunto e a assessoria de Salles não respondeu de imediato.