Dólar dispara contra real após Copom; exterior tem cautela com temores sobre nova onda de Covid
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em alta acentuada contra o real nesta quinta-feira, acima dos 5,30 reais, com os mercados refletindo a decisão do Banco Central de cortar os juros a nova mínima histórica e deixar a porta aberta para possível redução "residual" na taxa Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil cortou na quarta-feira a Selic em 0,75 ponto, num passo alinhado com expectativa majoritária do mercado e que levou os juros básicos a 2,25% ao ano.
Segundo o BC, os próximos passos vão depender de novas informações sobre o efeito da pandemia de coronavírus, além de uma diminuição das incertezas com relação à trajetória das contas públicas no Brasil.
"O comunicado da reunião não fechou claramente a porta para uma flexibilização adicional, mas seu tom sugere que esse não é, neste estágio, o cenário base", disseram analistas do Itaú BBA em nota.
"Embora o Comitê indique que está aberto a revisar essa avaliação, dependendo das mudanças nas perspectivas da inflação, que podem abrir as portas para uma flexibilização extra (...), também condiciona seu curso de ação futura à evolução da pandemia e à redução da incerteza fiscal."
A redução da Selic a mínimas sucessivas tem sido fator de impulso para o dólar, uma vez que torna rendimentos locais atrelados aos juros básicos menos atraentes para o investidor estrangeiro, afetando o fluxo de recursos para o Brasil e, consequentemente, o mercado de câmbio.
Depois de ter chegado a ficar abaixo de 5 reais no início de junho, o dólar voltava a recuperar terreno, subindo pela sétima sessão consecutiva, com o cenário de juros baixos, fraqueza econômica e incertezas políticas minando a procura pelo real.
Em sinal da situação do país diante da pandemia de Covid-19, a economia brasileira iniciou o segundo trimestre mostrando todo o impacto das medidas de contenção do vírus, com forte contração de quase 10% em abril do índice de atividade do Banco Central, renovando o recorde da série histórica.
Ainda no radar dos investidores estava a notícia de que Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira em Atibaia, interior de São Paulo, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado. O mandado expedido pela Justiça fluminense se refere às investigações sobre o esquema conhecido como "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio.
Segundo analistas, a prisão representa mais um ponto de tensão na política brasileira e pode amargar o sentimento nesta quinta-feira.
Enquanto isso, nos mercados internacionais, o clima era de cautela diante de temores sobre uma segunda onda de infecções por Covid-19, enquanto a notícia de que os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos continuaram em alta na semana passada minava as esperanças de uma recuperação rápida para a maior economia do mundo.
O dólar era ganhador contra os principais pares arriscados do real, como dólar australiano, peso mexicano, lira turca e rand sul-africano. Os futuros de Wall Street e as bolsas de valores europeias operavam em baixa.
Às 10:13, o dólar avançava 2,06%, a 5,3694 reais na venda. O contrato mais negociado de dólar futuro subia 2,57%, a 5,3665x reais.
Na última sessão, o dólar à vista avançou 0,55%, a 5,261 reais na venda.
(Edição de Camila Moreira)
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