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IRB Brasil prevê reforço de capital até setembro após republicar balanços

30/06/2020 11h23

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O IRB Brasil anunciou nesta terça-feira que contratou bancos para captar recursos que vão reforçar o capital da resseguradora, que republicou balanço de 2019 com forte piora dos resultados devido a correções referentes a sinistros.

Itaú BBA e Bradesco BBI foram contratados para coordenar a captação de recursos para reenquadrar os níveis de capital exigidos pelo órgão regulador Susep, após a atual gestão da companhia ter anunciado registros contábeis "efetivamente incorretos".

Acionistas da companhia autorizaram na semana passada um aumento de capital de até 2,3 bilhões de reais. Em maio, a Susep abriu fiscalização especial após notar que o IRB tinha insuficiência na composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e, consequentemente, de liquidez regulatória.

Refeito, o balanço de 2019 mostrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, ante número inicial de 1,76 bilhão de reais, refletindo sobretudo o lançamento de sinistros, perdas sofridas pela companhia, mas que "não estavam em lugar nenhum", disse o presidente-executivo e do conselho de administração, Antonio Cassio dos Santos, em teleconferência com jornalistas.

No primeiro trimestre deste ano, mesmo com receitas não recorrentes de 110 milhões de reais oriundas da venda de participações em shoppings, o lucro líquido somou apenas 13,9 milhões de reais, isso já considerando o resultado ajustado de mesma etapa do ano passado, que caiu praticamente à metade, para 177,9 milhões de reais.

Os anúncios concluem uma sucessão de eventos iniciada no começo do ano, quando a gestora Squadra contestou itens do balanço da companhia, seguida depois pela apresentação de informações falsas sobre a base de acionistas por parte da gestão anterior do IRB, impondo às ações uma queda de cerca de 70% no ano até o momento.

Santos, que assumiu em março, sustentou que, do ponto de vista operacional, não vê a companhia com falta de recursos nos próximos 24 a 36 meses e afirmou que neste primeiro semestre todos os contratos foram mantidos.

Para analistas, no entanto, tanto os ajustes contábeis passados quanto os resultados operacionais do primeiro trimestre decepcionaram. Em relatório, o Credit Suisse considerou que o valor de mercado atual da companhia implica uma rentabilidade sustentada "muito maior do que a empresa parece se capaz de gerar".

As ações da companhia mostravam volatilidade no pregão desta terça-feira, tendo oscilado da mínima de 11,77 reais à máxima de 13,04 reais até o momento. Às 11:18, registrava acréscimo de 0,3%, a 12,50 reais, enquanto o Ibovespa caía 0,6%.

(Reportagem adicional de Tatiana Bautzer e Paula Arend Laier)