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Dinâmica recente da dívida é desequilíbrio 'perigoso', diz presidente do BC

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Marcela Ayres

07/10/2020 16h49

O Banco Central tem conversado com o governo sobre a dinâmica recente da dívida com a avaliação de que o aumento recente dos prêmios em títulos curtos faz parte de desequilíbrio "muito perigoso", sinalizou o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

O presidente do BC ressaltou, em entrevista à Jovem Pan veiculada nesta quarta-feira, que a trajetória da curva de juros no Brasil está muito ligada à percepção de estabilidade fiscal.

O compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas tem sido colocado em xeque em meio a indefinições sobre o financiamento de um novo programa de transferência de renda a partir do ano que vem e o respeito à regra do teto de gastos nesse contexto.

Questionado sobre a possibilidade da rolagem dos títulos públicos que vencem no curto prazo ficar muito mais complicada caso o governo não consiga passar o recado de comprometimento com o fiscal, ele respondeu "exatamente".

"Começou a ter uma percepção no mercado que a necessidade de rolagem de dívida era muito alta. Isso pressiona o prêmio desses títulos de dívida, faz com que as taxas de juros futuras comecem a subir. O governo reage encurtando um pouco a dívida, depois os próprios papéis de dívida mais curta começam também a ter um prêmio e isso gera uma disfuncionalidade", afirmou.

"Nós (do BC) somos a parte monetária e cambial da equação, mas a gente sempre tem uma interação com o governo no sentido de alertar que isso é um equilíbrio, ou é um desequilíbrio, melhor falando, muito perigoso", acrescentou.