Ibovespa sucumbe à aversão a risco externa com avanço de Covid-19 e perde 3%
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa trabalhava abaixo dos 97 mil pontos nesta quarta-feira, sucumbindo à aversão a risco generalizada nos mercados globais por causa do avanço do Covid-19, em sessão ainda marcada por uma bateria de resultados corporativos e expectativa para a decisão de juros do Banco Central.
Às 11:28, o Ibovespa caía 3,03%, a 96.584,2 pontos, com todas as ações em baixa. O volume financeiro somava 8 bilhões de reais.
Em Nova York, os pregões registravam fortes perdas, com o aumento de casos de coronavírus a uma taxa alarmante nos Estados Unidos e na Europa minando apostas mais positivas sobre a recuperação da atividade econômica global, além de perspectivas de uma disputa acirrada na eleição presidencial nos EUA.
"A contínua elevação do número de casos de Covid-19 na Europa segue preocupando os mercados sobre a recuperação econômica do continente no quarto trimestre, e governos consideram medidas mais restritivas", afirmou a equipe da XP Investimentos em nota a clientes.
Nos EUA, acrescenta a nota, a aversão ao risco chega também forte, com poucos dias para as eleições e a alguns bilhões de dólares de distância de um novo pacote de estímulos.
De volta ao Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC encerra sua reunião nesta quarta-feira e a expectativa no mercado é de que a taxa Selic permaneça no piso histórico de 2% ao ano, com o foco voltado para o comunicado da decisão.
Na visão do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, o comunicado pode trazer sinais sobre eventual mudança nas intenções do Copom para as próximas reuniões.
"Esperamos ajustes, com reconhecimento dos riscos no cenário global, da continuidade da retomada da atividade econômica doméstica e da elevação das pressões inflacionárias de curto prazo", afirmaram em relatório a clientes. "Ao mesmo tempo, o foco estará voltado para a sinalização relativa a reduções adicionais da Selic e as condicionalidades relacionadas ao forward guidance (política fiscal, cenário para a inflação e expectativas para a inflação)."
DESTAQUES
- AZUL PN e GOL PN recuavam 5,8% e 5,22%, respectivamente, com o setor, um dos mais afetados pela pandemia, sofrendo com as preocupações sobre potenciais reflexos do aumento de casos de Covid-19 no mundo.
- GERDAU PN caía 5,12%, mesmo após resultado forte no terceiro trimestre, com Ebitda ajustado de 2,1 bilhões de reais, afetada pela aversão a risco generalizada que derrubava todas as ações do setor de mineração e siderurgia na B3. VALE ON, que apresenta seu balanço trimestral após o fechamento do mercado, cedia 2,13%.
- PETROBRAS PN recuava 4,48% em meio ao tombo do petróleo no exterior. Ainda no radar estavam a aprovação do conselho da companhia de revisão da política de remuneração aos acionistas e autorização do governo para a Petrobras importar gás da Bolívia. A petrolífera divulga balanço após o fechamento.
- BRADESCO PN perdia 3,32% antes da divulgação do resultado do terceiro trimestre, após o fechamento do mercado, com papéis de bancos como um todo no vermelho dado o mau humor nos mercados. ITAÚ UNIBANCO PN caía 3,5%.
- RD ON cedia 5,1%, mesmo após reportar alta de 13,4% no lucro líquido ajustado no terceiro trimestre, para 172,9 milhões de reais. A empresa, contudo, encerrou o trimestre com uma dívida líquida ajustada maior ano a ano, de 1,18 bilhão de reais. Na véspera, as ações fecharam em alta de 2%, tendo acumulado no mês ganho de quase 19%.
- CIELO ON perdia 2,85%, também devolvendo ganhos do começo da semana, com balanço do terceiro mostrando um tombo de 71,5% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2019, para 100,4 milhões de reais. A receita líquida somou 2,88 bilhões de reais, alta de apenas 2,9% ano a ano, mas acréscimo de 17,6% sobre o trimestre anterior.
- LOCALIZA ON perdia 2,46%, após figurar entre os maiores ganhos do Ibovespa na terça-feira. A companhia reportou após o fechamento da bolsa na véspera alta de quase 60% no lucro líquido do terceiro trimestre ante mesmo período de 2019, impulsionado por uma retomada de negócios nas divisões de aluguel de veículos e de venda de seminovos.
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