Engie vê pouco impacto da Covid em obras, diz CEO; pode rever dividendo
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A unidade brasileira da elétrica francesa Engie viu pouco impacto do coronavírus sobre o cronograma de suas obras em andamento, que contemplam projetos de geração e transmissão de energia, disse nesta sexta-feira o presidente da companhia.
A Engie Brasil Energia também avalia que a economia do maior país da América Latina tem dado sinais de recuperação da crise causada pela pandemia, o que pode permitir a ela rever a decisão de reduzir o nível de pagamento de dividendos aos acionistas, segundo o executivo.
A empresa cortou proventos referentes a 2019 para 57% do lucro e os do primeiro semestre de 2020 para 55%, contra 100% nos anos anteriores, no que definiu como postura conservadora diante de potenciais impactos da pandemia sobre seus negócios.
"Vocês sabem que, sempre que a gente pode, acaba distribuindo o maior percentual possível, e hoje estamos com um caixa bastante robusto frente às nossas obrigações. É possível que a gente revise e venha a tomar uma posição de um 'payout' mais generoso ao final do ano", disse o CEO da elétrica, Eduardo Sattamini.
"Essa decisão deve ser tomada no início do ano que vem. Mas existem perspectivas melhores em função de entendermos que a economia tem se recuperado rapidamente", acrescentou ele, durante teleconferência com analistas e investidores.
Sattamini destacou que a demanda por eletricidade no Brasil já está em níveis acima dos vistos antes da pandemia.
A carga de energia chegou a desabar 12% em abril, em meio a quarentenas adotadas por governos estaduais e municípios para reduzir a disseminação do vírus.
Essas medidas contra a pandemia afetaram ligeiramente o ritmo de construção de alguns projetos da companhia, mas ainda assim a Engie prevê iniciar ainda neste mês as operações do complexo eólico Campo Largo 2, na Bahia.
O empreendimento deverá estar totalmente operacional até maio de 2021, enquanto os projetos de transmissão Gralha Azul e Novo Estado devem ser concluídos em setembro e dezembro de 2021, respectivamente, dentro do prazo, adicionou Sattamini.
Ele comentou ainda que a entrada do Itaú Unibanco como acionista em Novo Estado vai aumentar a alavancagem do empreendimento, "aumentando o retorno esperado".
A Engie anunciou em agosto a venda de ações preferenciais no projeto Novo Estado ao Itaú Unibanco por 500 milhões de reais. A empresa não comentou a fatia comprada pelo banco no projeto de transmissão, que tem orçamento de 3 bilhões de reais e compreende a instalação de linhas e subestações em Pará e Tocantins.
Em Gralha Azul, a Engie teve parte das obras suspensas por uma liminar, após ação judicial que alegou que a implementação das linhas causaria dano ambiental por exigir a derrubada de araucárias no Paraná.
Sattamini defendeu que o projeto tem impacto ambiental baixo, afirmou que a empresa fará replantio de araucárias e destacou que tentará revogar a decisão judicial e impedir outras semelhantes.
Ao mesmo tempo, a companhia buscará atuar para que o cronograma de construção não seja afetado pela paralisação de alguns canteiros.
"Estamos reordenando frentes, tomando ações para revogar essa liminar. Esperamos que em curto prazo de tempo, de forma que não tenhamos impactos na operação comercial, prevista para 2021."
SEM LEILÕES
O cenário de oferta e demanda por energia significa que o governo brasileiro provavelmente não precisará realizar tão cedo leilões para contratar novas usinas de geração, disse Sattamini.
Ele comentou que essa perspectiva está também associada a uma maior busca de empresas por negociações no chamado mercado livre de energia, onde grandes consumidores negociam preços e contratos diretamente com geradores e comercializadoras.
"Não vejo muita expectativa de leilões em breve, a não ser que sejam leilões de interesses específicos, de desenvolvimento regional ou desenvolvimento de alguma fonte de energia."
O Ministério de Minas e Energia suspendeu por tempo indeterminado leilões para contratar novas usinas antes previstos para este ano, devido às incertezas sobre demanda causadas pela pandemia de coronavírus.
A Engie Brasil teve lucro líquido de 490 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 34% ante o mesmo período de 2019, quando os resultados haviam sido beneficiados pelo recebimento de indenização de uma construtora pelo atraso nas obras de uma usina da empresa.
(Por Luciano Costa)
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