Bolsonaro volta a colocar em dúvida confiabilidade de sistema eleitoral brasileiro
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro elevou o tom das críticas da votação eletrônica no Brasil e mais uma vez colocou em dúvida a lisura do modelo usado pelo Brasil.
Em entrevista a jornalistas após votar no segundo turno da eleição municipal do Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisa ser mais claro e transparente na consolidação dos dados das eleições.
O presidente defendeu mais um vez o voto impresso para garantir a integridade e lisura do processo eleitoral brasileiro.
“Você tem que ter uma forma mais confiável para votar e a apuração tem que ser pública; não pode ter meia dúzia de pessoas para contar os votos do Brasil todo; isso está errado” , disse ele ao se referir a chamada sala cofre do TSE, onde poucas pessoas tem acesso a consolidação dos votos.
Eleito várias vezes deputado federal pelo sistema de urnas eletrônicas, Bolsonaro afirmou que em 2018, quando foi eleito presidente, houve suspeitas de irregularidades nas urnas e na apuração. Em março, o presidente disse que apresentaria em breve provas de irregularidades das eleições de dois anos atrás, mas até hoje não fez isso.
“Tem que ter voto impresso e ninguém bota a mão do papel... qualquer delegado ou presidente de partido poderia pedir a recontagem daquela área e aí você ter a comprovação do voto eletrônico com o voto no papel”, defendeu.
“É pedir muito fazer isso? Quem não quer entender isso não sei o que pensa sobre democracia”, acrescentou.
"Queremos confirmar o digital com o papel e muitos podem isso e o boletim de urna o TSE tem obrigação de entregar, isso em nome da transparência por que temos que buscar uma maneira de tirar da cabeça do povo a dúvida de possíveis fraudes nas eleições", finalizou.
À noite, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que é inconstitucional a adoção novamente do voto impresso no país
"Objetivamente não existe hoje no Brasil a possibilidade do voto impresso", disse Barroso sobre as declarações de Bolsonaro.
"Portanto, respeitando a opinião do presidente, o voto impresso traria grande tumulto ao processo eleitoral brasileiro porque todo candidato derrotado iria pedir recontagem, impugnações e judicialização do processo eleitoral", acrescentou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que "não se pode misturar o voto impresso com o ocorrido no primeiro turno" --referindo-se ao atraso de cerca de três horas na totalização dos votos em urna eletrônica em razão de uma falha no carregamento do sistema de contabilização da Justiça Eleitoral.
"Essa mistura acaba gerando uma insegurança no sistema que é muito seguro. Eu, por exemplo, fui sempre defensor de uma amostragem do voto impresso, mas tratar desse assunto agora significa colocar em xeque um sistema que tem dado certo e que é muito seguro. Eu, por enquanto, acho que esse assunto não deveria estar na pauta do meu ponto de vista, apesar de sempre ter defendido alguma amostragem de voto impresso no Brasil", disse Maia, que também votou no Rio.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)
(Reportagem adicional de Ricardo Brito)
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