Risco de racionamento de energia no Brasil em 2021 é quase nulo, diz consultoria
SÃO PAULO (Reuters) - O risco de racionamento de eletricidade no Brasil em 2021 é praticamente nulo, mesmo se considerado um possível aumento de demanda com a recuperação da economia após a crise do coronavírus, projetou a consultoria especializada PSR em relatório nesta segunda-feira.
A PSR, que em dezembro passado teve o controle adquirido pelo BTG Pactual, realizou simulações sobre cenários de oferta e demanda por energia após chuvas bem abaixo da média na região das hidrelétricas, principal fonte de geração do Brasil.
Com esse cenário de hidrologia desfavorável, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liderado pelo Ministério de Minas e Energia, tem autorizado desde meados de outubro o acionamento de termelétricas mais caras para atender às necessidades do sistema e tentar preservar os reservatórios hídricos.
As precipitações seguem abaixo de médias históricas mesmo em meio ao chamado "período úmido" na região das usinas hídricas, que geralmente vai de novembro a abril.
Mas a PSR disse que simulações iniciais apontaram "uma sobra física estrutural" de energia "muito grande para os próximos anos" e que mesmo projeções levando em conta uma conjuntura de oferta mais apertada em 2021 não mostraram riscos.
Até uma análise que leva em consideração uma demanda neste ano 2 gigawatts médios acima do inicialmente esperado não mostra perigo, apontou.
"Mesmo assim, o risco de se decretar racionamento seria igualmente nulo dada a sobreoferta sistêmica e a expectativa de chuvas para o período úmido", afirmou a consultoria no boletim PSR Report.
O cálculo da PSR leva em conta que o governo só tomaria uma decisão sobre eventual racionamento após o final do período de chuvas, em abril.
Segundo a consultoria, liderada pelo ex-presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, só haveria algum risco, muito pequeno, se a carga aumentasse e as chuvas na região das hidrelétricas entre janeiro e abril ficassem abaixo de 61% da média histórica para o período, o que igualaria um recorde negativo visto em 1971.
Mesmo nesse caso, haveria "risco de racionamento muito pequeno e que demandaria redução da carga de energia em valores abaixo de 1% da demanda", apontou o relatório.
Nessa conjuntura, a adoção da medida pelo governo sequer seria justificável, uma vez que outras ações "menos drásticas" poderiam ser tomadas, como campanhas de conscientização, afirmou a PSR.
"Em resumo, as análises da PSR não indicam preocupação com a situação do suprimento de energia para 2021."
Isso não significa, no entanto, que não será necessário acionar mais termelétricas para atender à demanda, gerando custos adicionais para os consumidores, alertou a consultoria.
"... mesmo com risco nulo de suprimento podemos ter um maior acionamento termoelétrico", destacou a PSR, ao afirmar que o cenário tem que ser "monitorado com atenção".
O Brasil passou por um racionamento de energia em 2001, em meio a um cenário de seca e após anos de investimentos baixos na expansão do parque gerador.
A PSR monitora a situação de oferta de energia em seus relatórios mensais e chegou a realizar simulações sobre eventuais riscos de racionamento em diversos outros anos anteriores, como 2014, 2015, 2017 e 2019.
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