Risco de crescimento menor com inflação em alta é maior desafio da equipe econômica, diz Campos Neto
Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - O risco de crescimento não tão robusto no curto prazo com inflação em alta é o maior desafio da equipe econômica e do Banco Central, disse nesta quinta-feira o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pontuando que esses dois fatores melhorariam com credibilidade.
Em evento virtual da assessoria de investimentos Monte Bravo, Campos Neto afirmou que vários componentes por trás da pressão inflacionária recente no país são temporários, mas que já há um efeito "contaminação".
Nesse contexto, Campos Neto defendeu ainda a importância de avanços na agenda de reformas e reiterou que o governo enfrentaria limitações para adotar medidas adicionais de enfrentamento à pandemia da Covid-19 que envolvessem gastos, sem uma contrapartida do lado das despesas.
"Localmente, a gente tem aí o desafio, que é um desafio mais difícil para o Banco Central, mais difícil para equipe econômica, que você pode ter no curto prazo um crescimento não tão robusto, mas uma inflação subindo. O que faz esse par ordenado melhorar é a credibilidade", disse o presidente do BC.
Ao comentar a exclusão do forward guidance do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), mecanismo pelo qual o BC mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas, Campos Neto afirmou que a autoridade monetária entendeu que a ferramenta não cabia mais dentro do contexto de projeções de inflação.
Ele pontuou haver o entendimento, em geral, dos membros do Copom de que há uma janela de tempo que trará informações relevantes que precisarão ser avaliadas pelo colegiado.
"Tem informação na parte de reformas, tem informação na parte de números de inflação que vão sair, tem informação na parte de qual é o efeito dessa pseudo-segunda onda, se vai ter, então a gente entendeu que tem aí um período de dados que vai ser muito importante para análise, e foi o que foi espelhado na comunicação oficial", explicou.
Ao avaliar a trajetória recente da inflação, que encerrou 2020 acima do centro da meta central do governo de 4,0%, o presidente do BC elencou alguns componentes desse processo, dentre os quais a alta dos preços das commodities, a desvalorização do câmbio e a transferência de renda via auxílio emergencial.
FISCAL
Campos Neto afirmou que há um prêmio de risco fiscal embutido na curva de juros, diante da nova situação fiscal, e que o cronograma de reformas do governo é importante para diminuir esse prêmio.
"Com credibilidade, você consegue ter uma inflação menor. Acho que tem um prêmio fiscal que foi inserido na curva pela nossa nova situação fiscal pós-pandemia e que precisa ser tratada. As reformas ajudam, então tem todo um cronograma de reformas que é importante para diminuir esse prêmio de risco."
(Com reportagem adicional de José de Castro)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.