Petrobras sobe gasolina e diesel; mercado aguarda suspensão de PIS/Cofins
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras vai elevar os preços da gasolina e do diesel em cerca de 5% a partir de amanhã, informou a companhia nesta segunda-feira, com ambos os combustíveis renovando os maiores níveis em mais de um ano nas refinarias da estatal.
O reajuste ocorre em um momento em que o mercado indica a necessidade de importações pelo Brasil para abastecer os consumidores, uma vez que a petroleira estatal não garantiu às distribuidoras 100% da demanda de diesel apontada para março, conforme a agência Reuters publicou na semana passada.
Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina passará a ser de R$ 2,60 por litro, alta de 12 centavos por litro (ou 4,8%), enquanto o diesel passará a média de R$ 2,71 por litro, aumento de 13 centavos por litro (5%), disse a Petrobras.
O chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva, apontou que foi o segundo reajuste "forte", em linha com o mercado internacional, em menos de 15 dias, contrastando com o comportamento adotado pela empresa nos últimos quatro meses, "marcados por uma crescente defasagem e lentos ajustes".
"O suprimento para o mercado brasileiro que já está bastante ameaçado e a atual diretoria da Petrobras agora sem nada a perder são os principais responsáveis pela mudança de postura", afirmou o especialista.
O novo reajuste da Petrobras segue-se a um aumento de 15% no diesel e de 10% da gasolina anunciado em 18 de fevereiro, que gerou críticas do presidente Jair Bolsonaro e acabou levando à indicação pelo governo de um novo CEO para a Petrobras logo no dia seguinte.
Em resposta a pressões feitas por caminhoneiros, que reclamam contra a alta do diesel, Bolsonaro também havia anunciado que seu governo suspenderia a cobrança de PIS/Cofins sobre diesel por dois meses, a partir de 1º de março, o que ainda não aconteceu.
Uma fonte do governo afirmou à Reuters que medida para a suspensão dos tributos federais poderá sair nesta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial.
Suspensão de impostos
Silva afirmou à Reuters que, com o risco de retirada do PIS/Cofins, as empresas reduziram ao máximo os estoques —em muitos casos pagaram multa para atrasar a retirada com a Petrobras para segunda-feira— e agora vão ter que preencher os estoques com preço já elevado também.
O atraso na retirada visava não ter que recolher os impostos federais, uma vez que provavelmente não conseguiriam repassá-los aos clientes na hora da venda, amargando perdas.
"Além disso, não é possível confiar em uma janela de importação aberta por uma equipe que se despede da empresa e com o cenário político rumando aceleradamente para a ruptura", afirmou.
"O resultado é que apesar de estarmos com paridade para importação nos próximos dias, não há garantia de suprimento e a operação de importação ainda se mostra arriscada até sentirmos as reações da opinião pública e do caminhoneiro."
Procurada na semana passada, a Petrobras não respondeu se deixou de atender as distribuidoras, dizendo apenas que informou sua disponibilidade de atendimento de óleo diesel para março dentro dos prazos e volumes previstos em contrato, e que os volumes aceitos estão muito acima da média dos últimos meses.
A busca por mais volumes da Petrobras vem como um dos resultados de uma queda das importações por agentes privados —em 2020, a importação total de diesel caiu quase 8%—, uma vez que o preço da estatal não favoreceria negócios com o combustível importado. Além disso, março deve ter forte demanda, com o escoamento de uma safra recorde de soja.
O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, pontuou à Reuters que esperava aumentos maiores e que ainda há defasagens na gasolina e no diesel.
Após os reajustes anunciados nesta segunda-feira, os valores do diesel, combustível mais utilizado do Brasil, passarão a acumular disparada de cerca de 34% em 2021 nas refinarias da estatal, que tem quase 100% da capacidade de refino do país, enquanto a gasolina somará elevação de 41,5% neste ano.
A petroleira defendeu em nota que os reajustes visam seguir a chamada "paridade de importação", que leva em conta as variações do dólar e do barril de petróleo nos mercados internacionais.
(Por Marta Nogueira, reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Luciano Costa, em São Paulo; edição de Roberto Samora)
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