BC aponta alta do custo de captação de bancos e riscos no crédito, mas vê sistema financeiro resiliente
A retirada das medidas emergenciais adotadas para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 e as incertezas relacionadas ao impacto econômico da crise de saúde podem afetar negativamente a qualidade do crédito no país, avaliou o Comitê de Estabilidade do Banco Central em documento divulgado nesta terça-feira, destacando que as mudanças já verificadas no perfil de captação do sistema financeiro são um ponto de atenção.
Segundo o Comef, a taxa média de captação dos bancos tem se elevado e está, pela primeira vez desde que o BC passou a fazer o levantamento, acima da taxa básica de juros. Como resultado da crise, os prazos das captações também ficaram menores, exigindo volumes maiores de liquidez das instituições.
Ao avaliar os mercados financeiros globais, o colegiado do BC destacou também que "movimentos intensos e abruptos de reprecificação de ativos podem ter efeitos negativos para os fluxos de investimentos para economias emergentes".
Ainda assim, na ata da mais recente reunião do Comef, que passa agora a ser divulgada regularmente pelo BC, a avaliação do colegiado foi de que o sistema financeiro nacional segue resiliente e está bem preparado para lidar com o cenário adverso.
"O Comef avalia que o SFN mantém reservas robustas para fazer frente a essas incertezas graças ao aumento das provisões realizado pelas IFs (instituições financeiras), à melhora na capitalização e à restrição à distribuição de resultados em 2020", diz a ata da reunião, realizada em 2 de março.
Sobre a piora das condições de captação, o BC destacou que os bancos poderão se adaptar às mudanças redefinindo estratégias de captação e de gestão de liquidez.
Segundo o Comef, a cobertura dos créditos classificados como problemáticos atingiu o maior nível histórico, e os créditos repactuados em meio à crise da pandemia têm apresentado qualidade superior à esperada.
Os testes de estresse feitos para medir o impacto da pandemia sobre as instituições financeiras também mostram que elas estão melhor capacitadas para absorver perdas do que o apontado por testes feitos no segundo semestre do ano passado. "Isso decorre principalmente da recomposição dos níveis de capital do SFN e da recuperação parcial da atividade econômica", diz o documento.
O Comef é responsável por estabelecer diretrizes para resguardar a estabilidade financeira e prevenir riscos sistêmicos. O colegiado se reúne quatro vezes ao ano.
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