ONS vê carga de energia maior apesar de efeitos localizados por Covid
SÃO PAULO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou a projeção para a carga de energia do sistema interligado do Brasil neste mês, mesmo em meio a novas medidas restritivas adotadas pelo país para tentar deter o avanço da Covid-19, apontando por ora efeitos localizados de quarentenas pelo país.
O órgão do setor de energia apontou expectativa de aumento de 3,7% na comparação com março passado, contra avanço de 2,3% na semana anterior.
"Atualmente, pode-se observar que o comportamento da carga no curto prazo vem refletindo de forma diferente nas regiões, conforme as autoridades locais anunciam as suas estratégias de atuação para conter o avanço dos casos de Covid-19", afirmou.
A previsão de alta mesmo com novas restrições em diversos Estados deve-se à redução de demanda verificada em 2020, quando foram anunciadas as primeiras medidas de isolamento social no Brasil devido à chegada da pandemia.
A carga em março passado recuou 0,6% em comparação anual. Em abril, primeiro mês inteiramente sobre impacto de quarentenas, ela desabou 11,5%.
As novas medidas restritivas no Brasil podem ameaçar a trajetória de retomada do consumo que vinha sendo vista nos últimos meses, mas especialistas por ora veem efeitos bem menores sobre o uso de energia do que em 2020.
Segundo o ONS, a carga deverá ter neste mês um salto de 6,7% no Norte e de 4,7% no Nordeste. Na semana anterior, essas projeções eram de alta de 5,6% e 4,3%, respectivamente.
No Sudeste-Centro/Oeste, o ONS ampliou a projeção para alta de 3,4%, contra 2% antes, mesmo com novas medidas restritivas anunciadas por Estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
No Sul, a demanda deve subir 2,6% frente ao ano passado, contra 0,2% da projeção anterior.
O Brasil registrou nesta sexta-feira novo recorde de casos de Covid-19 contabilizados em um único dia, com mais 90.570 infecções. Os óbitos em 24 horas somaram 2.815, segunda maior cifra diária até o momento.
CHUVAS, TÉRMICAS
O ONS ainda apontou que as chuvas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil, devem representar neste mês 77% da média histórica para o período, ante 78% na semana passada, mesmo em meio à época de chuvas na proximidade dos lagos das usinas.
No Nordeste, segunda região em reservatórios, as precipitações foram vistas em 67%, sem mudança frente à semana passada, enquanto o Sul deve atingir 107%, também praticamente estável.
O ONS ainda reduziu as perspectivas de geração térmica para atendimento à demanda na próxima semana, para 4,68 gigawatts, ante 5,15 gigawatts no relatório da semana anterior.
(Por Luciano Costa)
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