Dólar fecha em alta com receio sobre Turquia
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em alta contra o real, repercutindo o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior em meio a debates sobre contágio a mercados emergentes a partir da turbulência na Turquia, onde houve troca de presidente do Banco Central.
No fim da sessão, contudo, o dólar já estava longe das máximas do dia. A cotação fechou em alta de 0,64%, a 5,5190 reais na venda, após oscilar entre 5,549 reais (+1,19%) e 5,4952 reais (+0,21%).
O dólar foi às máximas do dia ainda na primeira hora de negócios, enquanto a lira turca despencava cerca de 9%, depois de recuar 15% no pior momento. O tombo da moeda ocorreu em resposta à demissão no fim de semana de Naci Agbal, então chefe do banco central da Turquia, a mando do presidente Recep Tayyip Erdogan.
A onda de perdas nos mercados turcos reativou discussões sobre potenciais ondas de choque em outros emergentes, temor que faz lembrar sobretudo as crises de emergentes durante a década de 1990. O mesmo debate se deu em 2018, quando de novo a Turquia foi alvejada por ondas de vendas que derrubaram a lira em quase 30%.
O último ano de valorização da moeda turca foi em 2012 (+5,8%). Desde então, a divisa já perdeu 77% de seu valor nominal ante o dólar.
Apesar das preocupações inicias, analistas do Citi avaliam que não há "crise" nos emergentes por três razões: limitado potencial de prejuízo devido às limitadas necessidades de financiamento desse grupo de países, processo relativamente moderado de redução de estímulos na China e expectativa de apoio ao comércio global com um salto na demanda norte-americana.
No Brasil, o destino do câmbio segue atrelado às perspectivas para a pandemia e a política fiscal. O dia foi de análise a possíveis desdobramentos no governo e no Congresso da carta aberta divulgada no fim de semana e assinada por mais de 200 economistas e empresários, na qual eles cobraram definições para combate à pandemia e para reorganização econômica e fiscal.
O banco francês Société Générale reiterou expectativa de mais depreciação cambial diante de uma combinação entre "fracos elementos domésticos" e "ambiente externo menos favorável".
"(Presidente) Bolsonaro deveria se concentrar nos próximos trimestres em reverter sua rápida queda de popularidade e (reverter) sua estratégia política de intervencionismo e populismo", disseram profissionais do Société em relatório sobre perspectivas para o segundo trimestre.
"O recente tom 'hawkish' do Banco Central e ações (de política monetária) provavelmente vão evitar uma depreciação ainda mais drástica (do real), mas o mercado 'uber hawkish' pode ficar decepcionado com o atual ciclo de aperto monetário", completaram.
O Société estima que o dólar terminará junho em 6,20 reais, fechará o terceiro trimestre em 6,40 reais, encerrará o ano em 6,60 reais e concluirá março de 2022 valendo 6,40 reais.
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