Associação médica recomenda proibição de remédios sem comprovação de eficácia contra Covid
SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Médica Brasileira (AMB), entidade que reúne mais de 80 sociedades de especialidades e órgãos federados do país, se manifestou nesta terça-feira contra o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como hidroxicloroquina e ivermectina, no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.
Em boletim de seu comitê de monitoramento da pandemia, a AMB afirmou que a utilização dos medicamentos hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina deve ser banida do combate à pandemia, destacando que esses remédios não possuem eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da Covid-19.
Alguns desses medicamentos, que fazem parte do que ficou conhecido como "kit Covid", têm sido indicados pelo presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, no que é chamado de tratamento precoce da doença causada pelo coronavírus.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira afirmou que pacientes têm ido para a fila de transplante de fígado após o uso do "kit Covid", dos quais pelo menos três morreram.
Em sua nota, a AMB alertou ainda que os pacientes com suspeita ou Covid-19 confirmada não devem se automedicar, indicando que fármacos --em especial corticoides, como dexametasona e predinisona-- utilizados fora do período correto podem piorar a evolução da doença.
"Aos médicos, reafirmamos que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados exclusivamente para pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar, não devendo ser prescritos na Covid leve", acrescentou.
"Fake news desorientam pacientes", disse a AMB.
Na semana passada, a Justiça Federal determinou que o governo federal abstenha-se de veicular peças publicitárias sobre o enfrentamento à Covid que sugiram à população comportamentos que não estejam estritamente embasados em diretrizes técnicas e científicas.
Em sua nota desta terça-feira, a AMB ainda defendeu a vacinação em masssa com celeridade como medida ideal para controle da velocidade de propagação do vírus, e disse que o isolamento social é fundamental para conter sua disseminação, agravada pela variante inicialmente detectada em Manaus.
O Brasil passa atualmente por seu pior momento na pandemia, com marcas recordes de casos, óbitos e taxas de ocupação nos hospitais. Conforme números de segunda-feira do Ministério da Saúde, o país possui mais de 12 milhões de casos confirmados de coronavírus e cerca de 295 mil mortes por Covid-19.
(Por Gabriel Araujo)
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