Bolsonaro nega politização das Forças Armadas e diz que troca de comando foi por regra da antiguidade
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira que tenha a intenção de politizar as Forças Armadas e afirmou que joga dentro dos limites da Constituição, explicando que a troca nos comandos de Exército, Marinha e Aeronáutica deveu-se a critério de antiguidade.
"O que é natural na Defesa... quem comanda, o comandante geralmente é o mais antigo", disse Bolsonaro na transmissão semanal ao vivo em redes sociais, referindo-se ao novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que trocou os comandantes das três Forças logo após tomar posse esta semana.
"Em sendo o mais antigo, resolveu apresentar três nomes de futuros chefes de Força mais modernos do que ele, e toca a vida", acrescentou.
Bolsonaro trocou Braga Netto da Casa Civil para a Defesa como parte de uma reforma ministerial nesta semana que envolveu seis pastas. O presidente disse na live que praticamente só ele e Braga Netto sabem "o motivo disso tudo".
Logo depois da troca na Defesa, os comandantes das Forças foram substituídos pelo novo ministro, em um momento de preocupação sobre as supostas intenções do presidente de politizar o Exército.
O presidente, no entanto, não obteve o controle das Forças Armadas que pretendia ao trocar o ministro da Defesa, segundo analistas, uma vez que se viu forçado a nomear para o comando do Exército o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que adota linha semelhante à de seu antecessor Edson Pujol, com quem Bolsonaro tinha diferenças.
Bolsonaro disse que todas as suas medidas respeitam a Constituição.
"Eu sempre falei para todos os meus ministros, todos, sem exceção: onde é o nosso jogo? O nosso jogo é dentro das quatro linhas da Constituição. Nós não vamos sair desse retângulo, ou desse quadrado", afirmou Bolsonaro, negando ter adotado qualquer medida autoritária.
Na live, o presidente também voltou a atacar governadores que adotaram medidas restritivas na intenção de conter a disseminação do coronavírus, argumentando que tais ações desrespeitam direitos individuais ao limitar a circulação de pessoas ou seu direito a culto em templos religiosos.
"Também devemos nos preocupar com quem está jogando fora desse quadrado, quem está agindo de forma errada. E alguma providência legal tem que ser tomada contra quem está agindo fora dessas linhas", acrescentou.
Ao reiterar suas críticas ao que chama de política do "fique em casa", o presidente aproveitou e alertou para o risco de "problemas sociais graves" no país.
"O meu Exército brasileiro não vai às ruas para agir contra o povo, ou para fazer cumprir decretos de governadores ou prefeitos, não vai. O meu Exército, enquanto eu for presidente, não vai."
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