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Novo CEO da Petrobras quer respeitar paridade de preços; ações disparam

O novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna - Por Marta Nogueira e Sabrina Valle e Gram Slattery
O novo presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna Imagem: Por Marta Nogueira e Sabrina Valle e Gram Slattery

Por Marta Nogueira e Sabrina Valle e Gram Slattery

19/04/2021 11h55

Por Marta Nogueira e Sabrina Valle e Gram Slattery

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Joaquim Silva e Luna, o novo presidente da Petrobras, buscará reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis sem "desrespeitar" a paridade de importação, disse o executivo nesta segunda-feira, em sua cerimônia de posse, fazendo disparar as ações da companhia.

A afirmação, vem após o presidente anterior da estatal, Roberto Castello Branco, ter sido substituído em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro por uma alta expressiva dos preços de diesel e gasolina no Brasil, que refletiam avanço das cotações no exterior.

Em um discurso de pouco mais de 15 minutos, no qual ressaltou que "deve chegar ouvindo mais e falando menos", o general da reserva defendeu que é preciso conciliar "interesses de consumidores e acionistas".

Na sequência, ele disse que buscará "reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional, perseguindo a redução da dívida, investindo em pesquisa e desenvolvimento e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional".

Embora os comentários de Luna sobre preços de combustíveis não tenham sido inteiramente novos, as ações preferenciais da empresa ampliaram a alta durante o discurso, e eram negociadas com ganhos de cerca de 6%, por volta das 14h30.

O analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, afirmou que o tom conciliatório e parcimonioso adotado por Luna é benigno.

No entanto, ressaltou que "a aplicação de transformações no dinamismo de preços e a manutenção da paridade tendem a apresentar antagonismo e requerirão do novo CEO decisões que, corretamente, serão tomadas após o mesmo se ambientar na presidência da companhia".

"Uma vez que a mudança no comando da petrolífera fora motivada pela insatisfação do governo com a política atual de preços, acreditamos que uma definição sobre os rumos da nova abordagem quanto a política de preços será o primeiro e principal desafio da nova gestão", afirmou.

ÁGUAS PROFUNDAS

Luna também apontou para uma continuidade em relação ao que pregava a administração anterior, dizendo que a Petrobras deve "crescer sustentada em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultra profundas, buscando incessantemente custos baixos de eficiência".

Castello Branco vinha realizando um ambicioso plano de venda de ativos, para focar na produção de óleo e gás natural, no pré-sal, em áreas com alto rendimento.

"Não há dúvidas de que os principais desafios, entre tantos outros, são fazer a Petrobras cada vez mais forte, trabalhando com visão de futuro", disse Luna, na cerimônia que foi transmitida pela internet, seguindo protocolos para evitar o contágio do novo coronavírus.

Luna não fez comentários explícitos, no entanto, sobre o plano em curso para a venda de dezenas de ativos da empresa.

Presente do evento, o ministro de Minas e Energia, o almirante da reserva Bento Albuquerque, afirmou em seu discurso que as vendas de ativos da Petrobras têm sido um "sucesso" e são importantes também para promover a competição no setor.

DIFERENTES INTERESSES

Além de acenar para o mercado e para consumidores, Luna também se direcionou ao quadro de pessoal da empresa, qualificando-o como "comprometido, engajado, vibrante, profissional" e ressaltou a escolha dos quatro novos diretores, que acumulam décadas de experiência na petroleira.

"O que se quer do novo presidente da Petrobras, imagino, é o novo que se espera que ele produza, em equipe, alinhado com a missão da empresa, liderando um time capaz de vencer desafios, nessa complexa conjuntura, entregando resultados", afirmou.