Doria admite que disputará prévias do PSDB para ser candidato à Presidência
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), admitiu em entrevista à Reuters nesta terça-feira que disputará as prévias do PSDB para definir o candidato do partido à Presidência da República no ano que vem.
Doria defendeu que as prévias consultem todos os filiados do partido, não apenas um grupo específico, como parlamentares. Perguntado se será um dos postulantes ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, Doria citou mais um nome na disputa interna.
"Tem também o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que também se apresenta como pré-candidato e merece respeito. Neste momento temos três", afirmou o governador na entrevista realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
Doria disse que as prévias tucanas estão marcadas para 17 de outubro e que na próxima semana o partido fará uma reunião com a presença do presidente da legenda, Bruno Araújo.
Para o governador, em um cenário como o do PSDB, em que há mais de um postulante para uma candidatura, existem duas formas de definir o escolhido.
"A primeira é pelas prévias, votando os filiados. Todos os filiados do PSDB em todo o Brasil. Não há possibilidade de você ter prévias segmentadas, ou seja, votando deputados, vereadores, prefeitos e governadores. É preciso que a prévia valorize o voto, e o voto é do filiado, e o PSDB tem mais de 1 milhão de filiados no Brasil", defendeu.
"A outra forma é pesquisa. É você ter uma pesquisa nacional, de uma instituição séria, renomada e isenta e ela identificar qual dos candidatos do PSDB, ou dos pré-candidatos do PSDB, qual é aquele que tem a melhor posição por conta dos eleitores... São as duas únicas alternativas que vejo", acrescentou.
"Fora disso, é estar distante da democracia e a favor de um procedimento condenável de impor de cima para baixo uma candidatura."
No comando do Estado mais rico do Brasil, Doria tem tido embates frequentes com o presidente Jair Bolsonaro por causa da gestão da pandemia e ganhou destaque no cenário nacional graças ao protagonismo na campanha de vacinação contra a Covid-19.
A CoronaVac, vacina do laboratório chinês Sinovac que tem parceria no Brasil com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, é de longe a mais utilizada até agora pelo Programa Nacional de Imunização.
Os embates frequentes com Bolsonaro --que fizeram de Doria um dos principais alvos da militância bolsonarista radical nas redes sociais-- e a CoronaVac deixaram o governador paulista em posição mais proeminente no cenário nacional do que Leite e Virgílio.
"PÓLO DEMOCRÁTICO"
No final do mês passado, Doria assinou ao lado de Leite e de outros possíveis candidatos ao Planalto em 2022 --Ciro Gomes (PDT), João Amoedo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido)-- um manifesto em defesa da democracia. O governador disse que o grupo segue conversando.
"Temos dialogado neste grupo de WhatsApp e eu mesmo tenho estimulado que esse grupo produza novos documentos e até mesmo encontros, que possamos dar uma demonstração de que podemos estar juntos pelo Brasil, independentemente das nossas diferenças", afirmou.
Doria afirmou que essas conversas não têm girado em torno de uma candidatura única ao Palácio do Planalto no pleito do ano que vem, que viria para tentar romper uma provável polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Não se discute neste momento candidaturas, e sim um programa de saúde, um programa de educação, um programa de proteção ambiental, um programa de proteção social e de desenvolvimento econômico com geração de emprego e renda para o Brasil", disse.
"O objetivo é de desenhar um projeto para o Brasil, que todos nós possamos estar irmanados em torno desse projeto."
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