Dólar cai a mínimas em quase 3 meses e real lidera ganhos no mundo com Fed e ajuste local
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em forte baixa nesta quarta-feira, descendo à casa de 5,36 reais e rompendo dois importantes suportes técnicos, com a moeda brasileira no topo dos mercados de câmbio numa sessão marcada por sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos, ingressos de recursos e movimentações em torno da formação da Ptax de fim de mês.
O dólar ampliou as perdas no mundo depois que o banco central dos EUA --o Federal Reserve (Fed)-- indicou não haver pressa para reduzir estímulos em curso e adotados inicialmente no ano passado para proteger a economia dos efeitos da pandemia.
Na prática, mais dinheiro barato nos EUA significa mais liquidez que pode migrar para países como o Brasil, aumentando a oferta de dólar por aqui e, consequentemente, baixando o preço da moeda.
Em termos de fluxo, o mercado acompanha ainda expectativas de ingressos de recursos com a esperada abertura de capital da Caixa Seguridade e perspectiva de emissão bilionária de notas com metas sustentáveis pela Natura.
Dados do Banco Central mostraram nesta quarta-feira que o fluxo cambial ao Brasil está positivo em 770 milhões de dólares em abril até 23.
As vendas de dólares também estiveram relacionadas a operações em torno da formação da Ptax de fim de mês --que serve de referência para liquidação de contratos futuros e outros derivativos. Segundo operadores, há intenso movimento no mercado de puts --opções que dão ao comprador direito de vender dólar a um preço determinado.
No fechamento do mercado à vista, o dólar caiu 1,86%, a 5,3611 reais na venda.
É o menor patamar de encerramento desde 2 de fevereiro (5,3562 reais). Com a queda desta quarta, o dólar deixou para trás suas médias móveis de 100 e 200 dias, movimento que, se consolidado, pode retroalimentar novas baixas.
O real teve o melhor desempenho global nesta sessão, seguido de perto pelo sol peruano (+1,8%), que vem de fortes perdas recentes.
O dólar no Brasil cai em nove das últimas 11 sessões, período em que recuou 6,37%. Desde o pico de 9 de março (5,7927 reais), a moeda perde 7,45%.
Em abril, a cotação desvaloriza 4,78%, a caminho da maior baixa para o mês desde 2015 (-5,57%).
Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, chamou atenção para a movimentação mais positiva nos preços dos ativos brasileiros nesta sessão. O Ibovespa, por exemplo, subiu 1,39%, enquanto as bolsas de valores dos EUA caíram.
"Acho que é um misto de um cenário menos negativo de curto prazo --Orçamento, pandemia, vacinação, etc.-- com um grande ajuste de posições", afirmou. "Os 'patinhos feios' do mercado, como bancos na bolsa, câmbio e a curva de juros curta, são os de melhor desempenho."
Com a valorização recente do real, a moeda brasileira reduziu as perdas no ano para 3,16%. A divisa diminui a diferença em relação a seus pares, mas segue atrás.
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