Para presidente da CPI, governo errou no combate à Covid e Bolsonaro foi mal orientado
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta segunda-feira que, a partir dos depoimentos e informações já colhidos pela comissão, é possível afirmar que o governo se equivocou no combate à pandemia no país e que o presidente Jair Bolsonaro foi mal orientado.
Aziz disse ainda, em entrevista à CNN Brasil, não ver fato que justifique a convocação do vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, à comissão. O vereador teria participado de reunião entre o então secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, e representantes da Pfizer sobre os aspectos legais das vacinas contra a Covid.
"Sim. O presidente foi mal orientado", disse o senador, questionado se a partir das informações e depoimentos já era possível afirmar que o governo se equivocou no enfrentamento à pandemia.
"O presidente... foi convencido por alguém", avaliou.
Segundo Aziz, é necessário evitar a politização desvirtuar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em curso no Senado, razão pela qual não identifica, no momento, motivo para a convocação do filho de Bolsonaro.
"Nós temos que ter muito cuidado, e esse é o cuidado que eu estou tendo, para a gente não politizar", disse o senador à emissora de televisão.
"Eu até agora, sinceramente, não vejo razão para que o vereador Carlos Bolsonaro seja convocado."
Em depoimento à CPI na última semana, o ex-presidente da Pfizer no Brasil Carlos Murillo disse à CPI que o vereador participou da reunião no Palácio do Planalto com representantes da farmacêutica e Wajngarten. Aziz considerou que esse relato "não compromete" Carlos Bolsonaro.
"Se tiver alguma coisa concreta, seja contra o Carlos, seja contra quem quer que seja, não tenha dúvida que nós iremos convocar. Mas para fazer politicagem, não vejo necessidade", acrescentou o presidente da CPI.
Aziz comentou ainda o habeas corpus concedido em parte a favor do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para depor à CPI na quarta-feira desta semana. O ex-titular da pasta poderá optar por ficar calado, caso entenda que eventual resposta tenha o condão de criar provas contra ele mesmo.
Ele poderá, no entanto, ser instado a assumir o compromisso de dizer a verdade em relação a questionamentos que não estejam diretamente relacionados à sua pessoa, mas que envolvam condutas relativas a terceiros.
Ao lembrar que Pazuello foi o ministro que mais tempo chefiou a pasta durante a pandemia, Aziz afirmou que há vários assuntos a serem abordados, apesar de entender que o depoimento ficará "cerceado".
"Ele vai ter que falar sobre orientações, ordens, comportamentos e qual era o programa, o projeto que o governo tinha em relação ao combate à Covid", afirmou o senador.
Também foi apresentado um pedido de habeas corpus para garantir o direito à não autoincriminação à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.
O pedido alega perspectiva de Mayra ser "submetida a constrangimento como se tivesse já sido julgada e condenada", para também solicitar que ela possa ser assistida por advogados durante o depoimento, e que eles possam inclusive suscitar questão de ordem.
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