Vale elevará produção de minério no 2º sem; prevê prêmios ainda altos
Por Marta Nogueira e Gabriel Araujo
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale elevará a produção de minério de ferro nos próximos dois trimestres ante o ano passado, com suporte da sazonalidade e avanço em algumas atividades, e deve concluir 2021 dentro da meta estabelecida de 315 milhões a 335 milhões de toneladas, disseram executivos nesta quinta-feira.
Dentre as operações que contribuirão com o avanço da produção, a mineradora apontou Serra Leste e Fábrica, que deverão operar com capacidade plena, e Brucutu, com previsão de mais minério alta sílica em meio às condições de mercado.
Além disso, a empresa também citou a barragem Maravilhas III, em operação desde a última terça-feira, que permite a produção a úmido no ativo de Vargem Grande e é vista como um passo importante para a retomada da capacidade de produção.
"Todas essas contribuições nos fazem acreditar que dá para entregar mais do que o ano passado no segundo semestre", disse o vice-presidente executivo de Ferrosos da companhia, Marcello Spinelli, em conferência com analistas nesta quinta-feira.
Ele acrescentou que a companhia também aguarda, para o final deste trimestre, a liberação da correia transportadora sobre a barragem de Vargem Grande, "para dar mais um salto de produção".
Mesmo assim, Spinelli ponderou que o aumento de produção esperado para o restante de 2021 não é fundamental para que as metas do ano sejam atingidas.
"Se nós não aumentarmos a produção no segundo semestre comparado com o ano passado, significa que nós já estamos no 'low range' do nosso guidance", afirmou Spinelli na conferência, realizada após a divulgação do balanço do segundo trimestre deste ano.
O executivo ressaltou ainda que a empresa prevê manter prêmios elevados sobre seu minério de ferro, até pelo menos o primeiro semestre de 2022, com o suporte do crescimento da economia na China e de outros países, e uma demanda chinesa por minério de maior qualidade, como o da Vale, para reduzir emissões.
Na mesma ocasião, o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse estar confiante de que a empresa atingirá a meta de produção da commodity em 2021.
A Vale teve lucro líquido de 7,586 bilhões de dólares entre abril e junho, ante 995 milhões de dólares um ano antes, com forte alta do preço do minério de ferro em meio a uma demanda firme da China.
ESTIMATIVA PARA CAPACIDADE
A Vale ainda comunicou uma redução em sua estimativa para a capacidade de produção de minério de ferro ao final de 2021 para 343 milhões de toneladas por ano, ante projeção anterior de 350 milhões de toneladas, citando impactos de restrições temporárias em Itabira, Mutuca e no Sistema Norte.
Em Itabira, a empresa mencionou restrições de disposição de rejeitos devido à limitação de área, com impacto estimado em 2 milhões de toneladas/ano, enquanto Mutuca, Sistema Norte e outros ativos não especificados têm impacto de 5 milhões de toneladas/ano por restrições temporárias e de licenciamento.
Hoje, segundo a Vale, a capacidade de produção da companhia atinge 335 milhões de toneladas por ano, avanço de 5 milhões em relação ao final do segundo trimestre, em meio ao plano de retomada de produção da empresa.
A capacidade de produção da empresa foi impactada após o rompimento de barragem em Brumadinho (MG), em 2019, que levou a Vale a realizar diversas revisões de segurança em suas atividades. Atualmente, a mineradora prevê atingir 400 milhões de toneladas de capacidade anual ao fim de 2022.
METAIS BÁSICOS NO CANADÁ
Do lado dos metais básicos, a Vale informou recentemente ter descontinuado estimativas para a produção média de níquel no período de 2021 a 2023 e para a produção de cobre em 2021, principalmente devido a impactos de uma greve em curso nas operações de Sudbury, no Canadá.
Os 2.500 trabalhadores da mina cruzaram os braços em 1º de junho, reclamando dos planos de cortes de benefícios médicos e de saúde para aposentados, bem como aumentos salariais mínimos.
Os executivos da empresa afirmaram nesta quinta-feira que as negociações com trabalhadores foram retomadas e que estão positivos, mas que ainda não tem uma previsão de retorno às operações.
"Estamos de volta à mesa de negociações nos últimos dez dias, é um pouco prematuro se vamos ter acordo ou não, mas estamos com visão positiva e queremos ter uma solução e voltar ao trabalho o quanto antes", disse o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani.
Segundo o executivo, o impacto atual da greve é de 5 mil toneladas por mês de níquel e de 7 mil toneladas por mês de cobre. Ele acrescentou que, em meio à paralisação, a empresa decidiu realizar atividades de manutenção e que, mesmo após uma solução para o impasse, deverá levar semanas para que a produção integral seja retomada.
(Por Marta Nogueira e Gabriel Araujo)
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