Com BC pessimista, mercado não vê motivos para otimismo, diz economista
Com pacote fiscal enfraquecido e um BC (Banco Central) pessimista, o mercado financeiro não vê motivos neste momento para otimismo, avaliou o economista André Perfeito, no UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (17).
Eu acho que a autoridade monetária na ata [do Comitê de Política Monetária - Copom], ela foi bem dura. Ela destroçou de novo a questão fiscal.
A dúvida que fica no mercado é a seguinte: 'se até o Banco Central está pessimista, por que eu vou ficar otimista?' Parece ser meio trivial o que estou falando, mas é um pouco por aí que o mercado também opera.
André Perfeito, economista
O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (17) a ata com as motivações que resultaram na alta de 1 ponto percentual da taxa Selic, de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano. No documento, os diretores da autoridade monetária defendem o compromisso de direcionar a inflação para a meta e projetam os juros básicos em 14,14% ao ano em março de 2025.
Após a divulgação, o dólar superou R$ 6,16 na abertura dos negócios e ampliou a alta para R$ 6,20, recorde histórico. Às 10h05, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,05%, a 123.627,48 pontos.
O que fico preocupado realmente é com a dinâmica atual, é que a gente não está vendo que o problema não é necessariamente o primário, é um nominal. Por quê? Porque, depois da pandemia, todas as economias do mundo fizeram dívidas gigantescas.
A maioria das economias do mundo está segurando alta de juros ou cortando os juros porque eles sabem a bomba-relógio está dentro do negócio.
A gente está querendo resolver dessa forma, né? Vai virar um jogo de espelho infernal, deixa a gente ficar nesse momento que vai ficar uma referência circular. Economista André Perfeito
O que dizia a ata do Copom?
Diretores do BC preveem mais duas altas de 1 ponto percentual dos juros. Ao defender o "firme compromisso de convergência da inflação à meta", o Copom (Comitê de Política Monetária) projeta mais duas altas similares da taxa Selic nas reuniões de janeiro e março. Se confirmadas, decisões levarão os juros básicos a 14,25% ao ano.
O Comitê decidiu, unanimemente, pela elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic e pela comunicação de que, em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões.
Ata do Copom
Autoridade monetária não estabelece fim do ciclo de alta da Selic. Conforme a ata, as duas altas previstas para as próximas reuniões podem não encerrar a trajetória de avanço dos juros básicos da economia nacional.
"A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", diz o documento.
O BC vê ainda cenário de inflação "mais desafiador em diversas dimensões". A perspectiva considera a atividade econômica resiliente sinalizada pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre e o mercado de trabalho aquecido, com a redução da taxa de desemprego e aumento da população ocupada.
Na percepção do Copom, os fatores, associados à política fiscal expansionista, ainda indicam um suporte ao consumo e à demanda agregada, impedindo a queda dos preços.
O ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo indica uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso, apesar da política monetária contracionista.
Ata do Copom
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