Inflação na zona do euro revisita recorde e impõe dilema a BCE
A inflação da zona do euro ultrapassou as expectativas neste mês e se igualou a sua máxima histórica, criando um dilema de política monetária para o Banco Central Europeu (BCE), que tem consistentemente subestimado o estresse criado pela reabertura da economia com a flexibilização dos bloqueios à Covid-19.
O crescimento econômico disparou à medida que consumidores voltaram às lojas e estabelecimentos, mas muitas empresas não têm conseguido atender à demanda, o que tem pressionado os preços, que já estão sendo impulsionados pelo aumento dos custos das commodities.
A inflação nos 19 países que compartilham o euro subiu para 4,1% em outubro, de 3,4% um mês antes, superando a previsão de consenso, de 3,7%. A leitura é a mais alta desde 2008 e se iguala ao recorde da série, iniciada em 1997.
Embora a inflação tenha sido impulsionada principalmente por preços de energia e aumentos de impostos, crescentes pressões sobre os preços decorrentes de gargalos de oferta também foram visíveis na alta dos preços de serviços e de bens industriais, mostraram dados da Eurostat nesta sexta-feira.
A taxa de inflação de 4,1% já é mais do que o dobro da meta do BCE e é provável que acelere ainda mais nos próximos meses, antes de um lento recuo no próximo ano, quando alguns fatores técnicos pontuais forem eliminados da base de comparação.
Embora os preços da energia tenham respondido pela maior parcela da inflação, os preços subjacentes também ficaram acima de 2%, e os "hawkish" (mais conservadores na política monetária) do BCE podem aproveitar para argumentar que é hora de desacelerar o estímulo extraordinário.
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